Foto: Divulgação/PF

Falhas e leniência na fiscalização podem ter permitido a entrada de quase 200 toneladas de mercúrio no Brasil para uso na extração ilegal de ouro, especialmente na Amazônia. O Instituto Escolhas divulgou um novo levantamento que mostrou como a produção de ouro no país segue intimamente associada a atividades ilegais, em especial o contrabando de mercúrio.

De acordo com a pesquisa, o Brasil produziu 127 toneladas de ouro entre 2018 e 2022, volume que dependeria da utilização de  165 a 254 toneladas de mercúrio; no entanto, o país importou legalmente apenas 68,7 toneladas do metal pesado no período. Como o Brasil não produz mercúrio, isso significa que entre 96 e 185 toneladas do metal podem ter origem ilegal.

Como ((o)) eco apontou, os dados dessa pesquisa são corroborados com uma análise mais longa no tempo. Enquanto as exportações de ouro e as áreas dedicadas ao garimpo triplicaram nas últimas duas décadas, as importações oficiais de mercúrio caíram 78%. Isso também aponta para uma possível ilegalidade no comércio de mercúrio, já que os garimpos não deixaram de usar o produto para extrair ouro.

“Esse dado preocupa porque revela uma enorme falha do controle oficial sobre o comércio de algo que representa um grave perigo à saúde humana e ao equilíbrio ambiental”, destacou Larissa Rodrigues, pesquisadora do Escolhas e uma das autoras do estudo. “O Brasil precisa se comprometer com o fim do uso de mercúrio e, até que isso ocorra, o mínimo que se espera é um controle rígido sobre o mercúrio que ainda circula no país”.

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