Foto: divulgação

A Hutukara Associação Yanomami definiu como “absurdo” o desvio de remédios que seriam destinados à população da Terra Indígena Yanomami (TIY) e foram encontrados em uma casa abandonada em Boa Vista. A organização ressalta a crise sanitária e humanitária causada, na maior parte, pelo garimpo ilegal na região.

“Pedimos que os órgãos como Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e demais instituições responsáveis investiguem, de forma profunda, para saber quem são os responsáveis pela perda desses remédios”, disse a organização à AGÊNCIA CENARIUM.

A reportagem questionou o Ministério da Saúde acerca do desvio de medicamentos. A pasta disse repudiar o descarte dos remédios que venceram em 2021, durante a gestão do Governo Bolsonaro, e deveriam ser destinados aos indígenas Yanomami.

“A pasta irá colaborar com as investigações, fornecendo todas as informações necessárias às autoridades”, informou o ministério.

A Polícia Federal (PF) também foi procurada para informar sobre o início das investigações sobre o caso e, até o fechamento deste material, o órgão não enviou resposta.

Entenda o caso
Centenas de medicamentos que seriam destinados para indígenas Yanomami foram encontrados em uma casa abandonada em Boa Vista, capital roraimense, durante uma ação da Polícia Civil de Roraima (PCRR) na última quarta-feira, 31.

Segundo divulgou a polícia, uma equipe fazia diligências devido à denúncia de tráfico de drogas, quando encontrou os itens na residência situada no bairro São Francisco, Zona Norte da cidade.

Entre os medicamentos estão amoxicilina, lidocaína, nistatina, entre outros, que estavam armazenados em caixas e sacos de lixos; alguns haviam sido queimados. Conforme a PCRR, a maioria dos remédios estava vencido desde 2021. O caso foi encaminhado à PF.

“Nas buscas no local, constatamos que os medicamentos eram destinados ao DSEI Yanomami. Eram muitas caixas, com diversos medicamentos, muitos vencidos desde 2021. Desta forma, entendemos que não era competência da Polícia Civil (PC) e acionamos a Polícia Federal”, informou a PC.

Crise sanitária e humanitária
Apesar de a crise sanitária e humanitária da Terra Indígena Yanomami (TIY) ter sido declarada em janeiro de 2023, as comunidades sofrem os reflexos da invasão de não indígenas desde a década de 70, conforme relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

As atividades de garimpeiros se intensificaram entre os anos de 2016 e 2020. Os diversos conflitos resultaram em mortes de indígenas e doenças graves como desnutrição, devido o “envenenamento” de rios e, também, as dificuldades de acesso a medicamentos.

Entidades com atuação social defendem que as ações da atual gestão do governo federal não têm amenizado os impactos das crises, além de atribuir ao Congresso Nacional as tomadas de decisão que desfavorecem a proteção de áreas indígenas.

“A negligência do Ministério da Defesa comprometeu as ações de combate ao garimpo ilegal e de proteção dos Yanomami na região. O Congresso Nacional, majoritariamente conservador e pautado pelo peso da bancada ruralista, estabeleceu como prioridade impor retrocessos com o Marco Temporal e aprovar a desidratação do Ministério dos Povos Indígenas”, declarou o Psol em resolução publicada na terça-feira, 30.

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