Após retornar de sua viagem à África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está à beira de finalizar a tão aguardada reforma ministerial, cujo principal objetivo é expandir a influência do Centrão no governo. A expectativa é que as alterações sejam oficialmente anunciadas ainda esta semana, cumprindo a promessa feita por Lula ao presidente da Câmara, Arthur Lira, e ao líder do Republicanos, Marcos Pereira, na semana passada. Este desfecho se daria após uma prolongada saga que já se arrasta por mais de três meses.
Durante a ausência de Lula, pairavam incertezas quanto às pastas que seriam destinadas ao Progressistas (PP) e ao Republicanos. Contudo, parece que o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) está no centro das atenções, com indícios de que será dividido. Nesse cenário, o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) permaneceriam sob a alçada do petista Wellington Dias, enquanto o futuro ministro André Fufuca, indicado pelo Centrão, supervisionaria uma pasta abrangendo ações de assistência social e outras responsabilidades do MDS, segundo informam os jornalistas Fabio Murakawa e Juliana Lindner, do Valor.
Apesar das resistências na militância petista, no Palácio do Planalto prevalece a sensação de que não há alternativa, dado o desejo do PP de assumir um ministério com considerável orçamento e alcance. Adicionalmente, as demandas do PP e do Republicanos estão alinhadas com o objetivo de conquistar ministérios que possam direcionar um volume substancial de emendas parlamentares, visando a fortalecer as finanças municipais para as eleições municipais de 2024.
Os embates não se limitam à distribuição de pastas, com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), atualmente liderado por Luciana Santos (PCdoB), e o Ministério de Portos e Aeroportos no centro das discussões. O Republicanos demonstra interesse em ambos, enquanto o Palácio do Planalto defende a alocação do MCTI para a legenda. Adicionalmente, o Ministério de Micro e Pequenas Empresas está em pauta, mas não empolga o Republicanos. Nesse contexto, o enigma em torno da reforma ministerial parece próximo de sua resolução, mas a sua conclusão permanece dependente de alguns desafios pendentes.