Governador e primeira-dama estão em projeto de expansão de poder para dominar a coisa pública em Roraima. Foto: Facebook/ Simone Denarium.

O governador de Antonio Denarium (PP) escancarou, a quem interessar possa, a que veio: a última dele é tentar emplacar a mulher, Simone Denarium, para ser conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RR). No governo de parentes e aderentes, vale tudo, ainda que seja preciso passar por cima de princípios básicos da administração pública, como é o caso da moralidade. Mesmo que o governador encontre meios legais para isso, quem tem zelo pela coisa pública, jamais, em pleno exercício de seu mandato, seria capaz de tal indicação.

Em um recado direto ao senador Mecias de Jesus (Republicanos), com quem tem se desentendido nos últimos tempos, o chefe do Executivo roraimense passou para trás o deputado Jorge Everton (União Brasil) e o reitor da Universidade Estadual de Roraima (UERR), Régys Freitas, que contaram com seu “apoio incondicional”, no começo. Ambos caíram na conversa de Denarium e já são dados como cartas fora do jogo.

Jorge Everton tinha 14 votos a favor dentro da Assembleia Legislativa de Roraima. Perdeu 9, depois que rompeu com Denarium. O placar segue fluído depois que o governador mandou chamar um a um, cada um dos deputados de sua base, para conversar sobre esta indicação e barganhar apoio para a aprovação do nome de Simone, ainda que a primeira-dama de Roraima não preencha os requisitos exigidos pela Corte de contas para ocupar a vaga.

Inspirado na tentativa bem sucedida do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), que conseguiu aprovar a mulher, a advogada Daniela Barbalho, para a vaga vitalícia como conselheira daquele estado, Denarium negocia a aprovação de Simone sem economias. A diferença mais nítida entre os dois casos é que Daniela tinha um currículo jurídico e de atuação na administração pública de peso. Já Simone…

Não bastava a cunhada do governador ter sido uma das primeiras a ser nomeada dentro da estrutura governamental no início da gestão, agora, ele materializa publicamente seu modo de enxergar a administração pública: para os de casa, tudo. Para o povo, o que sobrar.

Simone sendo conselheira do TCE estaria isenta para julgar as contas do próprio marido e de seus aliados políticos, sendo ela a primeira-dama? Qual a experiência em contas públicas que Simone Denarium detém? São perguntas que os próprios deputados, até os que disseram “sim” ao governador, têm se feito. E com isso, a divisão fortalece o nome mais sério e socialmente bem aceito entre os cinco que se inscreveram para a disputa, a advogada Maria da Glória de Souza Lima.

A jurista é notoriamente respeitada entre os deputados e bem aceita pela sociedade. Tem vasta experiência e, dentre os inscritos, é vista como a única comprovadamente com reputação ilibada. Se a nova legislatura da Assembleia sinalizar que não compactua com os desmandos de acordos sinuosos, apostará no nome da doutora Maria da Glória.

Legal x Moral

Nem tudo o que é legalmente permitido é moralmente aceito. Ainda que Simone seja reprovada pelos deputados, a intenção do casal mais poderoso de Roraima fala por si. Denarium sairá arranhado dessa história, pois terá que conviver com o apontamento público de mais um político a querer construir império com a força estatal.

Ainda que os deputados tenham listado inúmeros pedidos ao governador, a indicação não foi bem vista dentro da Assembleia. O deputado Jorge Everton tem conseguido atenção nos gabinetes, não mais para fazer sua campanha, mas sim para relatar o alto nível de inconfiabilidade nos tratos de Antonio Denarium.

Como alertado tantas vezes por esse colunista, o governador age completamente diferente daquilo que prega. Está posta a prova.

Ítalo Otávio continua querendo mostrar serviço a Mecias

O vereador Ítalo Otávio (Republicanos), segue o plano de mostrar ao senador Mecias de Jesus (Republicanos) que tem cacife para substituir Soldado Sampaio (Republicanos) na disputa pela prefeitura de Boa Vista no ano que vem. Ele acreditou mesmo em Mecias.

Agora, o vereador, que é o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal de Boa Vista, encabeça um movimento sem qualquer fundamentação jurídica, apesar da função que ocupa na mais importante comissão de uma casa legislativa: ele quer que o prefeito Arthur Henrique (MDB) reduza a carga-horária dos servidores da prefeitura municipal de Boa Vista. Assim, do nada.

Diferentemente do ex-vereador Linoberg Almeida (PSD), que fazia oposição qualificada, Ítalo entrou em uma onda de atrapalhar o prefeito, seja no que for, impedindo votações e propondo retirada de projetos importantes de pauta, para chamar a atenção do eleitorado como um novo nome de oposição para Boa Vista. Nada além de zoada.

Na verdade o que tem sido visto é que temos um novo Chico Doido na Câmara municipal. Aquele que gritava, esperneava, mas não encontrava sustentação alguma no que defendia. Que Deus o tenha.

Até 2024, na expectativa da predileção de Mecias para disputar a prefeitura, ainda vem muita confusão, também, do nada. Aonde isso vai dar, a gente já sabe: Mecias agradecendo, batendo no ombrinho, e dizendo “ô cabra bom, fica pra próxima”.

Cai quem quer. No caso, Ítalo.

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