Foto: Lohana Alves/ Agência Brasil

A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, disse que o orçamento de R$ 600 milhões previstos para os trabalhos da Fundação não são suficientes. Em entrevista à jornalista Camilla Freitas, do Ecoa, a primeira mulher e primeira indígena a comandar o órgão falou sobre os desafios que se apresentam neste primeiro momento.

Qual o cenário que você encontrou ao assumir a Funai?

Joenia Wapichana: Os servidores e lideranças indígenas que estavam presentes me receberam com uma festa de boas-vindas. Todo mundo animado, querendo mudanças. Uma frase que eu ouvi e que me deixou bastante empolgada foi “a Funai é nossa!”. A Funai abre as portas novamente para os povos indígenas. Estamos retomando a Funai para mudanças positivas.

Qual a primeira (ou primeiras) medida tomada?

Joenia Wapichana: Tirar tudo o que foi feito pelo ex-presidente da Funai [Marcelo Xavier] como o fato de ele ter colocado pessoas no órgão com pensamentos anti-indígenas.

O que a Funai vai fazer para combater o garimpo ilegal nas terras indígenas?

Joenia Wapichana: Faremos reuniões com Ministério da Justiça, Ministério dos Povos Originários, Ibama, para fazermos esse planejamento. O presidente Lula disse que dará prioridade e apoio para que isso seja feito.

Como trabalhar com o orçamento estipulado de cerca de 600 milhões?

Joenia Wapichana: Esse orçamento não é suficiente, mas o presidente Lula já sabe disso e, com isso, eu espero que a Funai tenha um apoio financeiro a mais por conta das necessidades do órgão que é tomar conta de 14% do território brasileiro. Assim como saúde e educação são prioridades, os povos indígenas também o são. Mas a PEC [da Transição] também dá a possibilidade de conseguirmos parcerias com fundos internacionais. Então vamos buscar apoio a projetos para que não fiquemos restritos ao orçamento. Espero que o que foi colocado na PEC possa acontecer.

“As terras indígenas são estratégicas para a conservação da biodiversidade e para o enfrentamento das crises climáticas”.

Joenia Wapichana 

Na sua ida à Funai hoje você chorou ao lembrar do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira assassinados no Vale do Javari. Qual legado eles deixaram que será incorporado à nova administração da Funai?

Joenia Wapichana: A responsabilidade do órgão em relação aos seus servidores. Não se trata apenas de um jornalista e de um servidor, são vidas que importam. Nós temos que valorizar os servidores para que eles cumpram seu papel. A proteção das terras indígenas é uma urgência e temos que busca melhorar a execução dessa obrigação e o que Bruno e Dom nos deixam é essa visibilidade porque a omissão levou a esse assassinato.

 

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