Sônia Guajajara e Joenia Wapichana; Foto: reprodução/ facebook - Erika Kokay

A possível indicação da deputada federal eleita Sonia Guajajara (Psol-SP) para o Ministério dos Povos Indígenas tem preocupado importantes lideranças do movimento no país. Enquanto uma parte apoia o nome, outra defende que seria uma perda para os indígenas não ter a ativista na Câmara dos Deputados. Ela é uma das três pessoas indígenas eleitas para o Congresso neste ano. A informação é do Jornal A Crítica.

“O que avaliamos na maioria do movimento indígena, pelas [consultas a] organizações indígenas locais e regionais, é que o nome para exercer a função no ministério é a deputada federal Joenia Wapichana, apoiada por carta da Coiab e organizações regionais. A parente Sonia, com todo respeito que temos e pela liderança que é, tem que assumir o mandato de deputada federal, o qual também vamos precisar para fortalecer a nossa representatividade”, afirmou o diretor-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), Marivelton Baré.

No início do mês, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) indicou uma lista tríplice que contava com os nomes da deputada eleita Sonia Guajajara, do vereador de Caucaia (CE), Weibe Tapeba, e da deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), que não conseguiu se reeleger neste ano. Lideranças contrárias a indicação de Sonia defendem que Joenia assuma o Ministério.

“No atual contexto precisamos das nossas duas deputadas federais indígenas atuando na Câmara dos Deputados. Teremos no Congresso Nacional um grande número de deputados federais contra o Meio Ambiente e contra os Direitos Indígenas, temos de ter nossas guerreiras nesse front”, defendeu o líder indígena do Vale do Javari, Beto Marubo, no Twitter. Ele foi um dos nomes cogitados para o Ministério.

O líder indígena da etnia Caiapó, Raoni Metuktire, defendeu a indicação de Joenia Wapichana para a pasta. “O Lula se comprometeu a indicar um nome indígena para o Ministério e ele deveria manter a Sonia Guajajara na Câmara dos Deputados”. Ele afirmou ainda que pretende conversar com o próprio presidente eleito, no dia da posse, em 1º de janeiro, para expressar essa opinião.

Articulação partidária

Embora o nome de Sonia Guajajara conste na lista tríplice entregue pelas organizações, parte dos indígenas credita à articulação partidária a indicação da ativista para o Ministério. “Está havendo negociações nos bastidores. Ao invés de ser uma política limpa de conduzir de forma organizada, acaba virando uma politicagem, porque não ouvem a coletividade, fica questão de interesse pessoal para ganhar publicidade”, disse à reportagem o coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Edinho Macuxi.

A ativista indígena Alessandra Korap parabenizou Sonia no Twitter, mas associou a indicação à política. “Queríamos você no Congresso, onde serão votadas todas as leis que afetam o nosso território. Menos um no Congresso. Como não entendo o que realmente é política, que você faça um bom trabalho”, escreveu.

Nome de peso

Apesar das divergências quanto às indicações, indígenas reconhecem que Sonia Guajajara é um nome de peso para o Ministério. “Qualquer um dos três nomes da lista tríplice será bem-vindo. A Sonia sempre esteve à frente das grandes lutas, levantando a bandeira, inclusive, fora do país. A gente ganharia muito com ela como deputada, mas não podemos correr o risco de, nesse processo vicioso de Brasil colônia, perder a indicação para cotas partidárias”, disse a coordenadora da Associação dos Povos Indígenas do Amazonas (Apiam), Maria Baré.

A indicação de Sonia também foi elogiada pelo diretor-executivo da Apib, Alberto Terena. “Ela tem uma bagagem muito grande. Esteve coordenadora da Apib e tem uma trajetória de luta importantíssima diante da defesa dos direitos do nosso povo, então, creio que tem tudo para dar certo. Na Apib, ela teve lutas que dão um conhecimento muito grande e ela está levando essa bagagem toda de um olhar muito claro do que o nosso povo passa na ponta”, afirmou ele.

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