Foto: arquivo/ Simone Miranda

Tal qual o Zoneamento Ecológico de Roraima (ZEE), um plano de prospecções no papel com ações não desenvolvidas até então pelo governo do Estado, agora, a Assembleia Legislativa de Roraima anunciou a aprovação da Zona Franca de Turismo (ZFT) aqui do extremo Norte. Com muitas boas intenções descritas, mas pouco norteamento para um trabalho prático de execução dessas melhorias, o manual autoriza o governo a trabalhar, como se precisasse disto para ver o quanto precisa ser melhorado para Roraima estar onde merece: entre os principais destinos turísticos do Brasil.

O fatiamento econômico-imaginario das potencialidades de cada município que será feito, não leva em conta as necessidades iniciais para se começar a falar em viajar: a logística. Sem se aprofundar nos caminhos e acessos, a ZFT vai se mostrar ineficaz diante da inércia de quem só vê dinheiro em ouro, carne e soja. Sob o prisma de quem vive do turismo, o trabalho prático, que levaria a resultados a perder de vista, não entram nas prioridades governamentais.

Definir no papel que o Amajari possui um grande potencial turístico (ou seja, os caminhos para o dinheiro circular) mas sequer asfaltar a estrada que dá acesso à Serra do Tepequém, é, ao meu ver, fazer média para mostrar que eles têm trabalhado em prol do desenvolvimento turismo em Roraima. Não têm.

Quando não se pensa em investimento fiscal de ampla margem aos que vivem do turismo, tampouco treinamento e capacitação para rede hoteleira, comercial, gastronômica e de entretenimento daquele destino, é que se nota que o governo está longe de entender as benesses de se investir nos nosso principais cartões-postais. Como usufruir das belezas do Tepequém se nem a estrada de acesso fica pronta? Se o governo não está sentado na mesa de negociações com as companhias aéreas para tornar Roraima atrativo, como se inicia um projeto turístico?

Delimitar em um documento público que o Uiramutã tem um grande potencial para o eco-turismo e para o turismo indígena mas não oferecer condições mínimas de dignidade àquelas comunidades, nem de acesso, é não tornar aquela localidade atrativa, já de cara. Sem se investir na logística de deslocamento daquele turista, que enfrenta uma odisséia em um 4×4 para chegar ao município, como acreditar que o dinheiro vai chegar lá?

As agências de turismo pelo Brasil nem oferecem. Vão oferecer Bonito, em Mato Grosso do Sul, que se brincar, não é “bonito” como o Uiramutã. Lá, os governos entenderam que o dinheiro vai além da soja, para os plantadores. Lá todo mundo sai ganhando: a companhia aérea, o hotel, o taxista, o restaurante, o bar, o garçom, a dona da pousada, a funcionária dela, o homem que vende pipoca na porta da pousada… e por aí é que o negócio flui. Aeroportos, rodovias, pacotes turísticos negociados entre governos e grandes redes como CVC, AirBnB, e Decolar.com são a garantia de temporadas cheias e dinheiro circulando na cidade. Denarium só senta para conversa sobre soja.

Na fronteira, por exemplo, deixar Pacaraima padecer sem serviços básicos, mas avaliar a cidade como um grande potencial turístico e de riquezas (sobretudo de impostos), por causa da proximidade com o Monte Roraima, é desvalorizar um município inteiro e suas potencialidades. Enquanto o governador não entender que o dinheiro vai além do Frigo10, a moradora de Bonfim que está desempregada e poderia estar ganhando dinheiro com o fluxo de Lethem, vai continuar sem saber do que ela seria capaz se o governo fizesse a parte dele. Até lá, o turista vai passando direto, olhando Bonfim só de longe.

Turismo vai muito além da pesca no baixo Rio Branco, ou de excursões vindas do Amazonas para o Lago do Robertinho. Quem entende de gestão pública faria tudo completamente diferente. Para começar, firmaria parceiras em larga escala para qualificação de mão de obra. O Sistema S (Sebrae, SESC, Senai) está aí, pronto para isso. Pensaria-se, antes de qualquer outro passo, na infraestrutura desses acessos e das condições de conforto e segurança as quais o turista estará submetido. Ele precisa querer voltar e indicar esse destino para outras pessoas.

É assim que o dinheiro entra. Deixar só no papel, não adianta.

Mecias já desapegou 

O senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) disse hoje que é quase certo dele apoiar a reeleição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Quando perguntado sobre o candidato que será indicado pelo PL, de Bolsonaro, Mecias se fez de desententido. “E o PL vai ter candidato, é?” Pelo visto, o senador não se apega muito aos não-eleitos.  Senador Rogério Marinho (PL-RN) é o nome apoiado pelo presidente da República.

O partido de Mecias já tinha anunciado publicamente que não fará oposição ao governo Lula (PT). Como disse em Timoneiro, Paulinho da Viola “Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar” – e segue a onda.

Violência contra a mulher

Chocante as imagens divulgadas em um caso de tentativa de feminicídio esta semana em Boa Vista. Toda e qualquer violência é condenável e reprovável, sendo contra uma mulher, deveria ser hediondo. À vítima, ingresso na mesma corrente de solidariedade e apoio. À sociedade, eu pediria que as reações fossem sempre assim, com a mesma proporção, independentemente da cor, raça ou condição social da mulher agredida. Roraima é o estado que proprorcionalmente mais mata mulheres em decorrência da violência doméstica.

Que nos choquemos e cobremos respostas para todas que forem violentadas, por que, infelizmente isso não é nenhuma novidade. Os casos são diários e a cobrança pública precisa ser mantida na mesma linha de comoção que foi vista esta semana. Que não normalizemos esse tipo de conduta, nem nos acostumemos à julgar a motivação contra a mulher. Seja qual for o motivo – este inclusive não devendo interessar a ninguém – o errado é ele que bateu.

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