A Polícia Federal abriu 21,8% mais inquéritos para investigar garimpo, narcotráfico e pesca ilegal na Amazônia Legal em 2021 que no ano anterior. Dados da corporação obtidos via Lei de Acesso à Informação indicam que o total de investigações sobre estes três crimes passou de 966 para 1.177 no ano passado, o que significa uma média de cerca de três inquéritos por dia. Mas o número de investigações, de acordo com as autoridades, ainda está distante do ideal e é indício do aumento da criminalidade na região.

A Amazônia Legal compreende o Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão. Enquanto em 2020 foram 228 inquéritos abertos pela PF para investigar garimpo na região, em 2021, foram 269, uma alta de 18%. Em relação ao tráfico de drogas, o número de novas investigações passou de 695 para 872, alta de 25,5%. Somente os inquéritos sobre pesca ilegal não avançaram no ano passado, passando de 43 em 2020 para 36 no ano passado, uma redução de 8,3%.

“Há vários fatores correlacionados para esse aumento. Um dos pontos é a realidade econômica. O apelo econômico (da criminalidade) por conta da crise é muito grande”, afirma o delegado Nilson Vieira dos Santos, coordenador de Repressão a Crimes Ambientais e Patrimônio Cultural da Polícia Federal, que também atribui o crescimento a melhorias na estrutura da corporação. “Apesar da carência de recursos humanos e até de logística e equipamento, a polícia está mais estruturada no Norte”.

Santos critica, no entanto, a falta de coordenação entre a tecnologia e os meios efetivos para combater supostos crimes:

“Hoje temos um monitoramento perfeito por satélite. A gente consegue identificar uma embarcação, ver se tem um garimpo nascendo. Entretanto, não temos recursos humanos e logísticos para um pronto atendimento. Agora mesmo, nosso helicóptero quebrou e estamos muito tempo sem o aparelho. As distâncias são grandes”.

Mais articulado

Neste ano, até o momento foram abertos 157 inquéritos para apurar garimpo ilegal na região, 502 para investigar tráfico de drogas e 17 sobre pesca ilegal, ou um total de 676, o que dá uma média de 3,63 inquéritos por dia, segundo informações enviadas pela Polícia Federal em 5 de julho. Procuradores que atuam na região alertam que há um aperfeiçoamento das atividades criminosas.

“Temos percebido que aquilo que era um pouco mais pontual, feito de forma muito mais rudimentar, tem se tornado um pouco mais articulado e com uma presença muito grande dentro de terra indígenas e de unidades de conservação. Atribui-se um pouco disso ao crescimento populacional, um pouco ao enfraquecimento das instituições, em parte até por conta da pandemia. Surgiu um espaço um pouco maior para esse tipo de crime. E são crimes que geram muito dinheiro”, afirma o procurador da República Rafael Martins, que atua em Redenção, no Pará, e chama atenção para a necessidade de maior articulação entre as instituições, como a PF, o Ibama e a Funai.

 

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