Estes dias vi que o governador de Roraima Antonio Denarium (PP) estava, mais uma vez, se gabando por ter a maior quantidade de dinheiro já guardada nos cofres estaduais: segundo ele, R$ 1 bilhão estão em condições de uso pela gestão, intocados, nas contas do governo. Com direcionamentos malfeitos, com investimentos comedidos aos pequenos e fartos aos maiores, o Estado tornou-se um grande balcão de negociação da coisa pública, sempre a favor de quem já tem. E muito.
Estado que mais cresce no Brasil
Em mais uma pegadinha publicitária, o governador lançou em um comercial partidário esta semana a informação que “Roraima foi o Estado mais cresceu no Brasil…”. Com direito a pausa dramática, Denarium retoma o fôlego e continua a narração: “…EM ARRECADAÇÃO, sem aumentar impostos”. É mole? Enquanto indicadores econômicos e de desenvolvimento humano caem vertiginosamente em Roraima, o governador leva adiante a aposta de que ter dinheiro em caixa ainda é a melhor estratégia para blindar sua imagem de bom gestor durante a campanha política.
“Suely deixou dívidas, eu vou deixar dinheiro em caixa!”, ouviremos em breve, com o dedo indicador hasteado para cima. E o nosso povo, como de costume, segue esperando investimento aqui fora, com o polegar para baixo.
A título de informação, ano passado o Estado que apresentou a maior alta no Produto Interno Bruto (PIB), este sim, que define crescimento, foi Mato Grosso do Sul. Por lá, o agronegócio foi fortalecido em todas as suas esferas, e, diferentemente daqui, o pequeno produtor rural também foi envolvido na cadeia produtiva maior, elevando os indicadores e consolidando aquela como a principal fronteira agrícola do Brasil.
O último levantamento é de abril de 2022 e foi divulgado pelo jornal Folha de São Paulo, no dia 10. No acumulado de 2020 a 2022, no período pandêmico, Mato Grosso do Sul tem projeção de crescimento de 4,9%, seguido por Tocantins, com 4,7%, Goiás, 4,5%, Pará, 4%, e Espírito Santo, com 3,9%. Roraima não foi mencionado entre os que encabeçaram a lista.
O Agro é pop
Pelo cuidado e zelo que o Governo de Roraima tem tido com as estradas vicinais, as pontes de madeira (que custam o preço de mármore Carrara), a Feira do Passarão, Feira do Produtor, e demais ferramentas de acesso e inclusão do pequeno produtor rural à engrenagem econômica roraimense, compreendemos o motivo pelo qual o desenvolvimento da agricultura familiar segue em condições mínimas por aqui.
Basta começar o inverno para perceber que a qualidade de vida da gente do campo em nada mudou, e constatar também a falta de preocupação governamental em dar condições de impulsionar o pequeno produtor rural, indígena e familiar.
A reflexão que eu faço é: Governo com R$ 1 bilhão em caixa ainda tem ponte de madeira, estrada de terra e Balsa pra conseguir atravessar a população? Esse é o nome forte do agro por aqui? O senhor governador abre as portas e traz condições únicas apenas para os aliados de grande porte, incluindo aqueles que já prometeram doações à campanha que se aproxima. Como se dinheiro ali fosse problema. Mas na hora da gente analisar os dados, como os de exportação, o dinheiro entrou, mas não para quem está na lida, lutando, sem saber se consegue trazer uma verdura para vender na cidade – foi para o grande investidor da soja e para os 10 donos do Frigorífico.
Na outra ponta estamos nós, cidadãos, pagando mais de R$ 20 por uma cartela de ovos ou R$ 40 por um quilo de carne de segunda. Os donos da granja e do açougue todo mundo sabe quem são. A carapuça de embaixador do agro, nem esta, lhe serve mais.
Sem favoritismos, e sem escolher qual produtor do agronegócio cresce e qual fica estagnado, é que se faz uma política pública sólida para que o este segmento seja fortalecido por inteiro. É nosso maior potencial, não restam dúvidas, mas todos precisam participar desse ciclo econômico para que este seja justo e completo. Volto a compartilhar meu pensamento de que Denarium sempre governou para poucos, e são justamente os poucos que menos precisam.
Caer com mais R$ 40 milhões
E por falar em favoritismos, faltando seis meses para o fim do mandato, na pré-campanha, a Assembleia Legislativa de Roraima aprovou, esta semana, um aporte de R$ 40 milhões para a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer). Os deputados já tinham aprovado outro recurso-extra, na ordem de R$ 21 milhões, em dezembro do ano passado, para a construção de caixas d’água. A população segue aguardando as melhorias na prestação dos serviços básicos.