Entidades ambientalistas e indígenas, organizações vinculadas à defesa de diferentes causas e muitos artistas conhecidos estarão juntos em um ato a ser realizado em frente ao Congresso Nacional às 15h da próxima quarta-feira (10). O objetivo da manifestação é chamar a atenção dos parlamentares e da sociedade para o que os organizadores do evento definem como “pacote da destruição”.
A expressão abrange propostas como o projeto do licenciamento ambiental, a liberação de agrotóxicos e a permissão para exploração mineral das terras indígenas. A programação inclui um encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Seu Jorge, Criolo, Bela Gil, Malu Mader, Maria Gadú, Nando Reis, Lázaro Ramos, Alessandra Negrini, Letícia Sabatella, Natiruts, Maria Ribeiro, Paula Burlamaqui, Bruno Gagliasso, Nathalia Dill e Christiane Torloni estão entre os artistas que participarão do “Ato pela Terra”, que é organizado sob a coordenação de Caetano Veloso.
Em nota de convocação para o ato, os responsáveis pela mobilização afirmam: “Exigimos que os projetos de lei que afetam negativamente o ambiente, o clima e os direitos humanos não sejam aprovados. Os parlamentares, e em especial o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devem garantir que nenhuma proposta seja colocada em votação até que esteja alinhada com o que diz a ciência, com as demandas e necessidades das populações tradicionais e do campo e à luz da emergência climática que vivemos”.
Recentemente, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL) e a cantora Anitta trocaram ofensas no Twitter sobre a idealização do ato. A confusão começou quando Salles disse que os artistas “melhor fariam ao meio ambiente, ao Brasil e aos brasileiros se levassem propostas de prosperidade econômica aos mais pobres, mas o que eles gostam mesmo é de Lei Rouanet”.
Veja a íntegra da nota de convocação para o ato da próxima quarta-feira:
“Ato em defesa da Terra e contra o pacote da destruição
A democracia, os direitos humanos, o meio ambiente e a saúde da população brasileira, entre diversas outras agendas, estão sob ataque incessante desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República. Hoje o Brasil é um país mais pobre, mais violento e mais desigual, cujo governo atenta contra a vida dos cidadãos e contra o patrimônio socioambiental do país.
Todos os indicadores são de trágico retrocesso: desmatamento, emissões de gases de efeito estufa, perda da sociobiodiversidade, grilagem de terra, degradação de áreas protegidas, invasões a territórios indígenas e quilombolas, envenenamento dos alimentos, violência e criminalização contra populações tradicionais e camponesas, especialmente mulheres e negros. A Amazônia e outros biomas nacionais estão sendo destruídos. Tudo isso decorre dos atos e dos discursos de Bolsonaro e de seus apoiadores. Mas esse quadro pode não apenas piorar, como se eternizar, caso o Congresso Nacional resolva se aliar definitivamente ao presidente em sua cruzada contra o país e o planeta.
O Parlamento se prepara para votar nos próximos dias o Pacote da Destruição, um conjunto de projetos de lei que irão legalizar o crime ambiental e transformar a devastação e o esbulho do patrimônio público em direito adquirido. Entre os vários desastres que poderão ser aprovados estão a anistia permanente ao roubo de terras públicas, o fim do licenciamento ambiental, a liberação irrestrita de agrotóxicos e a oficialização do saque às terras indígenas. Veja a descrição detalhada dos projetos aqui.
Cada um desses projetos retira dos brasileiros um pedaço de seu futuro. Para premiar um punhado de criminosos, eles condenam os ecossistemas, os assentamentos rurais, os indígenas e os quilombolas. Ampliam o abismo da desigualdade. Mergulham nossa economia no atraso e no descrédito externo e tornam o Brasil um risco climático global.
É diante deste cenário de crise e urgência que os movimentos abaixo-assinados e dezenas de artistas brasileiros convocam uma ampla manifestação no dia 9 de março de 2022, a partir das 15h, em frente ao Congresso Nacional, pela Terra, pela vida e em defesa do meio ambiente.
Exigimos que os projetos de lei que afetam negativamente o ambiente, o clima e os direitos humanos não sejam aprovados. Os parlamentares, e em especial o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devem garantir que nenhuma proposta seja colocada em votação até que esteja alinhada com o que diz a ciência, com as demandas e necessidades das populações tradicionais e do campo e à luz da emergência climática que vivemos.”
Assinam o documento, entre dezenas de outras organizações, Cimi, CUT, IDS, Isa, MST, Observatório do Clima, SOS Mata Atlântica, Ubes, UNE e WWF.