Foto: Kalyua Vasconcelos

O neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre as fases do luto e como lidar com as perdas. O assunto pode vir à tona em uma data como hoje, 2 de novembro, Dia de Finados, sobretudo levando em conta que mais de 600 mil famílias perderam alguém para a Covid-19 só no Brasil.

O médico explica que o luto pode atingir pessoas de formas diferentes. E é importante respeitar o tempo de cada um e a maneira como cada pessoa encontra para lidar com a ausência do outro.

“É importante respeitar essa fase que é diferente para cada pessoa. Não dá para medir a dor e o sofrimento de cada um, mas existe um processo de resiliência cerebral que acaba trazendo, depois de um certo tempo, algum conforto”, explica o especialista.

Segundo Gomes, o luto é composto por cinco fases. São elas:

  • Fase inicial – indivíduo tende ao isolamento e a negar a situação;
  • Fase de raiva –  indivíduo luta contra o que aconteceu;
  • Fase de barganha –  indivíduo tenta fazer trocas e tende a ter pensamentos como “isso acontece com todos”;
  • Fase de depressão –  indivíduo sente uma tristeza profunda;
  • Fase de aceitação –  indivíduo acaba entendendo o significado de todo esse processo que aconteceu.

O neurocirurgião diz ainda que apesar de o luto ser um processo muito doloroso — e que, às vezes, a pessoa precise de um suporte religioso e/ou profissional da psicologia e psiquiatria –, a tendência é que com o tempo ela passe a lembrar daquilo com amor, carinho e saudade, livre de sentimentos ruins.

“Existem fases do luto e entender que não adianta querer pular ou atropelar estas etapas, porque faz parte do processo do amadurecimento psíquico, ajuda o processo.”

De acordo com a psicóloga Cristina Cabana, de certa forma, temos naturalmente uma cultura de negação da morte: “a gente não é educado para lidar com perdas. Na verdade, o episódio morte faz parte da vida”, explica. Uma grande dúvida de pais e responsáveis é a de como devem informar a criança sobre a perda. Quando questionada sobre o assunto a psicóloga explicou: “a grande questão não é se a criança deve ser informada e sim como a gente deve fazer isso. Não deixar a criança fora do contexto do que a família está vivendo”.

De acordo com Cristina é essencial que a criança compreenda o que aconteceu, caso contrário, ela pode se sentir isolada e acabar passando pelo processo de luto sozinha, afinal, o luto do adulto também interfere no luto da criança.

Por fim, ao falar sobre superação, Cristina afirma que é possível encontrar um sentido até na perda. O acompanhamento psicológico também é importante, não só no processo do luto, mas também como ferramenta de autoconhecimento. A partir do momento que cada ser individual conhece um pouco mais de si, é mais fácil lidar com situações adversas. O ambiente familiar também é importante para não nos sentirmos sós. Na ausência de familiares um amigo também pode ajudar muito.

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