Imagem ilustrativa. Pixabay

A venda de antidepressivos e estabilizadores de humor em Roraima tiveram um aumento expressivo durante o ano passado. Um levantamento do Conselho Federal de Farmácia (CFF) indica crescimento de 26% no consumo de medicamentos controlados em 2020 – alta acima da média nacional, de 17% no aumento na venda de medicamentos.

Coincidentemente, nas primeiras posições, ficaram estados que enfrentaram grave crise sanitária e até o colapso na saúde por conta da pandemia. Amazonas e Ceará, que vivem uma crise na saúde pública, lideraram o consumo durante pandemia (29%). Na sequência, Maranhão (27%) e Roraima ( 26%). Em quinto lugar, aparece o estado do Pará (25%).  Entre as principais capitais econômicas do país, São Paulo aparece em 18º lugar e o Rio de Janeiro na 20ª colocação. Quase 100 milhões de caixas de medicamentos controlados foram vendidos em todo o ano de 2020

“A pesquisa parece mostrar uma relação entre os determinantes sociais de saúde e o aumento do consumo de medicamentos. Há uma tendência de que as pessoas considerem que vários aspectos da vida social podem ser tratados com medicamentos”, explica o consultor da entidade, Wellington Barros.

Especialistas afirmam que o aumento no uso ou a dependência de medicamentos para o controle da ansiedade também podem estar ligados ao desenvolvimento socioeconômico de cada região do país. Além disso, o desemprego, a incidência de mortes pela Covid-19 e o confinamento na quarentena aumentaram a da ansiedade na população.

“Era de se esperar”, afirma o psiquiatra e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Márcio Bernik. “Na literatura médica ao longo do ano de 2020, todos falavam de uma terceira onda de adoecimento como secundário à Covid-19. Seria o adoecimento mental secundário ao stress imposto pelo isolamento social, pelo temor da morte de entes queridos, pela perda de renda, pela perda de perspectiva de emprego”, detalha.

Para o especialista, pacientes com sintomas de depressão e ansiedade deixaram de procurar ajuda na pandemia e os dados mostram que só uma parte da população recebeu tratamento necessário. “Que bom que algumas pessoas conseguiram ter essa receita na mão, porque a imensa maioria não chegou nesse ponto”, diz Bernik.

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