O delegado João Luiz Evangelista, um dos policiais detidos nesse sábado (2) por embriaguez ao volante e por disparar em via pública, publicou nota nas redes sociais em que questiona a ação da Polícia Militar durante a abordagem. Para ele, a ação foi motivada em razão do delegado comandar uma investigação sobre uma ‘milícia armada’.
“A abordagem policial ocorrida ontem, realizada por uma guarnição do BOPE, depois de uma denúncia de um policial militar é, no mínimo, questionável, considerando que a pessoa abordada é justamente o presidente da investigação sobre uma milícia armada”, afirmou.
De acordo com a Polícia Militar, os policiais abordaram o carro onde estavam Evangelista e Almeida após denúncias. Os militares pediram para que eles deixassem o carro, mas eles disseram que eram da Polícia Civil. Eles estavam armados, mas sem identificação. Ainda segundo a PM, eles estavam com sinais de embriaguez, mas se recusaram a fazer o teste do bafômetro.
“A alegação de que efetuei disparos de arma de fogo em via pública cai por terra quando se observa que minha arma estava com carregador cheio. Em seguida, a alegação de embriaguez ao volante também é totalmente descabida, pois não havia sintoma algum de alcoolemia que sustentasse a acusação”, rebateu o delegado.
Evangelista informou também que anexou às investigações dois exames de Covid-19, um relatório policial indicando ausência de sintomas de alcoolemia, dois termos de depoimentos confirmando a inexistência de indícios de conduta ilícita e, laudo preliminar indicando ausência de sintomas de ingestão de bebida alcoólica.
A Polícia Militar de Roraima esclarece que no dia 02 de janeiro de 2021, por volta das 19h, a Central Integrada de Operações em Segurança (CIOPS), recebeu a informação de que o ocupante de um veículo em deslocamento estaria realizando disparo de arma de fogo, na rodovia RR-205.
Os disparos foram presenciados por um tenente da Polícia Militar e seus familiares, quando retornavam para Boa Vista e viram o momento em que o passageiro do veículo que “estava a sua frente estendeu o braço para fora e desferiu cinco tiros”. O oficial repassou as características do veículo à Polícia Militar, para que fosse realizada a abordagem ao veículo, diante da necessidade inquestionável de se averiguar tal situação.
Como as viaturas que atuam na chamada “segunda malha de policiamento” (Força Tática, Choque, GATE, Canil, CIPA, GIRO e Cavalaria) são as que que realizam os atendimentos das ocorrências consideradas de alto risco (roubo, cárcere privado, disparo de arma de fogo, etc), foi designada para o atendimento em questão a viatura de Força Tática, que procedeu à abordagem ao veículo mencionado, às 19h20, já no perímetro urbano da Capital.
A corporação afirmou ainda que desde o primeiro momento da abordagem, conforme o relato das equipes policiais, o delegado se mostrou “bastante hostil e contrário àquela ação legítima”. “Acusou os policiais de que estariam o perseguindo pelo fato do mesmo presidir determinada investigação que envolveria policiais militares, fato este desconhecido pelas guarnições de serviço”.
Compareceram ao local da ocorrência os oficiais de serviço da Polícia Militar (Coordenador de Operações e Oficial de 2ª malha), que a todo instante mantiveram contato de forma apaziguadora e respeitosa com os envolvidos no fato.
Uma equipe do Detran-RR também esteve no local, presenciando todo o ocorrido, tendo sido ofertado, por diversas vezes, o teste do etilômetro para o delegado e para o agente. Estes, por sua vez, recusaram-se a realizá-lo, o que poderia gerar a prova objetiva de estarem ou não com a capacidade psicomotora alterada.
Diante da recusa, foi lavrado o Termo de Constatação de sinais de alteração da capacidade psicomotora Nº 2436 e anexado ao Relatório de Ocorrência Policial.
Os dois envolvidos foram conduzidos pela viatura do Grupo de Resposta Tática da Polícia Civil, sem uso de algema ou qualquer outro meio que possa ter sido considerado constrangedor, sendo respeitados todos os seus direitos constitucionais.
Assim sendo, a Polícia Militar não reconhece qualquer motivação ilegítima ou infundada para a realização da abordagem em tela e afirma que toda a ação policial se revestiu da legalidade e profissionalismo que se espera para o atendimento de uma ocorrência oriunda de disparo de arma de fogo em via pública e possível direção de veículo automotor sob influência de bebida alcoólica, ao tempo que repudia qualquer insinuação descabida e tendenciosa no intuito de denegrir a imagem dessa Instituição composta por valorosos homens e mulheres que, diariamente, arriscam suas vidas para a proteção de nossa sociedade.
A reportagem tentou contato com o escrivão Leandro Almeida, que também é presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sindpol), mas não obteve retorno.