Foto: arquivo/ Simone Miranda

Pela segunda vez consecutiva este ano, durante a pandemia no Estado e no período de campanha eleitoral, o governador Antonio Denarium (sem partido) foi à Serra do Tepequém, no Município do Amajari, onde fez média com a comunidade do único ponto turístico realmente consolidado de Roraima,  por esforço dos moradores locais, mas abandonado historicamente pelos governantes e pelos políticos.

Na primeira vez, com mais de um ano de atraso, o governador foi prometer o asfaltamento da estrada, a RR-203, insistentemente cobrado por moradores e turistas, o que vem sendo prometido desde o governo anterior. Na segunda vez, no fim de semana passado, Denarium apareceu para a assinatura da ordem de serviço para o início das obras e anunciar  a instalação do destacamento da Polícia Militar com funcionamento em tempo integral.

Até agora, Denarium não cumpriu suas promessas de campanha nem realizou uma única obra verdadeiramente de seu governo. As inaugurações feitas até aqui, principalmente na Capital, foram obras concluídas de governos anteriores, inclusive a primeira delas foi uma caixa d’água no bairro Cidade Satélite, em Boa Vista, onde ele fez questão pintar o slogan de seu governo.

Na Serra do Tepequém, o governador nada mais está fazendo do que prometer executar o asfaltamento prometido e iniciado no governo anterior, obra esta que foi abandonada logo em seguida ao seu início, pela então governadora Suely Campos, sem que ninguém saiba o que ocorreu com os recursos destinados à recuperação daquela rodovia estadual.

O vergonhoso de Denarium em Tepequém foi a solenidade realizada na sede do destacamento da PM. O governador inaugurou um prédio que foi construído e reformado com recursos dos empreendedores locais e pela comunidade, inclusive a internet lá instalada foi paga com o dinheiro arrecadado pela iniciativa privada. Desta vez, foi a comunidade que capinou o quintal, pintou o prédio e consertou o que estava consumido pelo tempo para que Denarium realizasse a solenidade.

Ninguém sabe se o governador tem conhecimento disso, já que a característica de sua administração é dizer que ele não sabe de nada. O que todos sabem é que o governo inaugurou um destacamento cujo prédio foi todo bancado com dinheiro do povo de Tepequém, uma vez que os governantes nunca mostraram interesse com o único ponto turístico organizado do Estado.

Inclusive, por essa falta de estrutura, a PM só fazia “turismo” em Tepequém, aparecendo com menos frequência do que até mesmo turistas de Manaus (AM). Foi por isso que a população local decidiu ela mesma construir o prédio e instalar internet como contrapartida para que o governo ao menos mantivesse uma guarnição da PM constantemente em Tepequém.

Já que o governador diz que nunca sabe de nada e que ele foi lá com o principal interesse de promover seu grupo político no município, assim como ele faz em Boa Vista para tentar eleger o grupo do senador do escândalo da cueca, o que todos esperam verdadeiramente é que Denarium não esqueça de Tepequém quando as eleições terminarem. Porque, até aqui, a região de fazendeiros e de caciques políticos é esquecida e abandonada, especialmente no turismo.

A estrada é a grande reivindicação, mas é necessário muito mais que isso para investir no turismo como fonte de renda e geração de emprego, atividade esta que faz circular dinheiro novo no município onde os políticos na esfera municipal  sequer cuidam de fazer sua parte, como iluminação pública e recuperação de estradas de acesso para os roteiros turísticos. Só para se ter uma ideia, a comunidade realiza bingo para arrecadar dinheiro para recuperar os acessos a esses locais de grande visitação turística.

Nada do que Denarium prometeu e fez até agora, em Tepequém, saiu de sua ação pessoal e esforço próprio de seu governo. Tudo foi resultado de insistente cobrança e esforço próprio da comunidade e dos empreendedores locais desde administrações anteriores.  O governo, seja qual for a administração, tem uma grande dívida com a Serra do Tepequém pelo que ela representa no turismo e pelo esforço de uma população largada ao histórico descaso governamental.

*Colunista

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