Campanha eleitoral deste ano ocorre em meio a risco do coronavírus (Foto: Divulgação)

Não se pode ignorar a morte de Edileuza Gomes Loz, que era vice na chapa apoiada pela prefeita Teresa Surita e do ex-senador Romero Jucá (ambos do MDB). Mais uma vítima do coronavírus em uma cidade que não apenas afrouxou tudo em nome da campanha eleitoral, mas que também acordou tarde para estruturar os postos de saúde a fim de garantir o atendimento primário justamente para evitar o que ocorreu com Edileuza,

Assim como outras pessoas, ela já estava com seu quadro clínico agravado e foi obrigada a perambular em busca de vaga de leito no Hospital Geral de Roraima (HGR) e nos hospitais privados. Com tudo superlotado, quando ela conseguiu uma vaga no HGR já era tarde demais.

Muitas pessoas faleceram porque encontraram dificuldades para buscar atendimento médico nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), cuja quantidade foi reduzida para menos de dez pela Prefeitura de Boa Vista. Antes disso, sequer havia um protocolo de atendimento e muitas pessoas foram mandadas embora de volta para casa com a orientação de retornar depois.

Enquanto isso, Teresa só falava e divulgava na sua bolha virtual, o Twitter, sobre inauguração de reforma de praças e a construção da nova orla, chamada de Parque do Rio Branco. E assim ela seguiu até ser chamada à responsabilidade, pois a prefeita disfarçava que o problema não era com ela e jogava toda responsabilidade apenas para o Governo do Estado.

Para criar uma cortina de fumaça, Teresa deu início a uma guerra política com o governador Antonio Denarium (sem partido). E insistia em não querer assumir sua obrigação com o atendimento primário nas UBS. Até hoje segue da mesma forma, com número reduzido de postos de saúde para atender pacientes da Covid-19, dificultando que mais pessoas busquem atendimento antes do quadro clínico se agravar.

Enquanto lavava as mãos, Teresa e Jucá passaram a ter como prioridade a campanha eleitoral em favor do candidato do grupo, o vice-prefeito Arthur  Henrique (MDB), que foi escalado junto com Edileuza para assumir a responsabilidade de tentar ser o sucessor de Teresa, a fim de manter a hegemonia do grupo e a sobrevivência de Jucá na tentativa de voltar a ter um mandato.

É o mesmo que Teresa e Jucá estão fazendo com todos os servidores públicos municipais não concursados, os quais são obrigados a bandeirar nos semáforos e a fazer arrastões nos bairros da Capital, promovendo aglomerações e aumentando seriamente os riscos de contágio. Ou se submetem ou correm sério risco de demissão.

Também é o mesmo que vem fazendo Denarium na tentativa de eleger sua candidata, a deputada federal Shéridan de Oliveira (PSDB), que acabou golpeada pelo escândalo da cueca em que um dos cabeças responsáveis pela candidatura dela, o senador Chico Rodrigues (DEM), flagrado com R$32 mil escondidos na cueca durante operação da Polícia Federal que investiga justamente corrupção nos recursos destinados para o combate ao coronavírus.

Tem mais. As investigações sobre o escândalo da cueca indicam que haveria uma grande influência de vovô Chico, como Shéridan o apelidou o senador em seu discurso no palanque político, junto ao governador Denarium, o que teria facilitado o esquema de recursos aplicados no combate ao coronavírus e tratamento dos pacientes.

Mas os políticos não estão preocupados com a saúde e a vida das pessoas. Eles só estão pensando apenas em como se eleger ou eleger seus apadrinhados. A lamentável morte de Edileuza mostra como esse perigo é real, mas que é solenemente ignorado pelos políticos que só estão pensando neles mesmos. Uma vida não vale nada quando se está em jogo uma disputa eleitoral.

*Colunista

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here