Prefeita Teresa Surita e o governador Antonio Denarium protagonizaram uma guerra política em cima do coronavírus (Foto: Divulgação)

Administrar o Estado não é o mesmo que criar gado e soja, ou comandar uma empresa de factoring, como o governador Antonio Denarium (sem partido) classificou as transações dele com dinheiro antes de entrar para a política, ao se defender de acusações durante a campanha eleitoral. Mas a então governadora Suely Campos, durante debate eleitoral na TV, chamou explicitamente a atividade dele de agiotagem.

Ao assumir o Estado, Denarium mostrava-se visivelmente atordoado, sem saber o que fazer, restando a ele recorrer aos aliados do também recém-eleito presidente Jair Bolsonaro (sem partido), especialmente os militares, o que garantiu a governabilidade do governo estadual ao conter setores estratégicos que antes estavam entregues aos antigos esquemas e velhas práticas da politicalha.

Mas então chegou  o coronavírus, que virou a realidade de ponta-cabeça, colocando à prova a competência e a honestidade de todos políticos. Se essa doença acometesse soja e gado, o governador teria tomado medidas rápidas. Assim como se a pandemia atacasse plantas e flores, a prefeita Teresa Surita (MDB) também teria agido imediatamente em um contra-ataque ágil.

Todos acompanharam o desenrolar dos fatos, pois é bem recente, fresquinho na cabeça de todos, quando Teresa levou a pandemia para o lado da politicalha, fazendo uma guerra particular com Denarium, enquanto se esquivava de sua responsabilidade com o atendimento primário. Vidas foram perdidas enquanto Teresa fazia palanque em cima da doença, e Denarium revela-se um verdadeiro incompetente.

Então chegou outra praga, a campanha eleitoral, quando Teresa já havia entregue o comando da Prefeitura de Boa Vista nas mãos do ex-senador Romero Jucá (MDB), seu eterno mentor e mestre, enquanto criava um mundo de fantasia na sua bolha virtual, o Twitter.

Nesse meio tempo, quando Denarium brincava de ser governador, criando  um Estado virtualmente perfeito nas suas postagens no Facebook, ele acabou sendo atacado pela mosca azul da política, contagiado pela pior doença que um cidadão pode ser acometido, gostando de se lambuzar com todo esse emaranhado de aparências, tramas, joguetes, acordos, traições e esquemas.

Enquanto Teresa segue ordens sob rédeas curtas de Jucá, visando as eleições para o Governo de Roraima, quando o ex-senador pretende ressuscitar-se, contaminado pela mosca azul Denarium viu que precisava de rédeas consistentes para pensar em sua reeleição em 2022. Foi aí que decidiu jogar para cima tudo o que havia prometido e esqueceu as bandeiras sob as quais foi eleito, que eram acabar com a velha política, moralizar o bem público e conduzir o Estado para um futuro de bonança.

Vislumbrando 2022, Teresa e Jucá optaram por um candidato a prefeito calouro na política, para chamá-lo de seu, caso eleito, que é o vice-prefeito Arthur Henrique (PSD). Sua cara de estreante bobão revela que ele aceita comandos sem reclamar, fazendo tudo o que mestre Jucá mandar, nem que seja ir para o sacrifício, assim como ocorreu com o pai dele, que largou a dupla Teresa/Jucá depois de ter a indisponibilidade de bens decretada pela Justiça em uma ação de improbidade administrativa.

No outro extremo, Denarium traiu todos os princípios para os quais foi eleito e entregou o Governo do Estado nas mãos de um grupo que, a princípio, prometeu não ter líder, um cabeça só, cuja ponta de lança é a candidata a prefeita Shéridan Oliveira (PSDB), campeã de turismo em dois mandatos na Câmara Federal (maior gastadora de verba com gasolina e aluguel de carro de luxo) e que responde a vários processos, inclusive um que sou dinheiro público para pagar babás para as filhas.

Os principais articuladores desse grupo, para o qual Denarium entregou os cofres, em troca de viabilizar sua candidatura a reeleição, são os senadores Chico Rodrigues, do Democratas (outro campeão de turismo e denúncias quando ficou por 20 anos na Câmara), e Mecias de Jesus, do Republicanos (que já mandava em setores do governo, a exemplo da ineficiente Caer, a qual não consegue solucionar os recorrentes problemas de falta de água na Capital e interior).

Esse é apenas um resumo da ópera, que embala a disputa dos dois principais grupos que almejam ter os cofres da Prefeitura de Boa Vista nas mãos, a partir do ano que vem, apenas como parte dos planos para alcançar também a chave dos cofres do Governo de Roraima em 2022. Nessa disputa o que menos interessa é o povo, que nunca é chamado a decidir nada, pois todos acreditam que o eleitor é apenas um detalhe.

Essas eleições em meio a uma pandemia são emblemáticas sob todos os aspectos. Ao povo resta ficar atento ao desenrolar dos fatos. O joguete dos políticos está apenas começando. O eleitor é quem vai decidir se realmente é apenas um detalhe mesmo…. ou não…

*Colunista

 

1 comentário

  1. Ainda que, com todos os problemas apontados, é atraves da politica que as demandas coletivas podem ser resolvidas. Atravessamos um período de negação da política, de acomodação, de descrença que acabam por agravar os problemas. Devemos pensar coletivamente, para o bem comum de todos os seres, inclusive animais e do meio ambiente e isso se constroe ao longo do tempo, através do nosso esforço de buscar fontes, de confrontar opiniões e candidaturas, em época de eleicões, de manifestar opiniões, por exemplo.

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