Prefeita Teresa Surita passou a gravar seguidos vídeos com o vice, Arthur Macho, seu pré-candidato (Imagens: Reprodução)

O plano de reabertura gradual do comércio de Boa Vista, anunciado pela prefeita Teresa Surita (MDB), foi estratégico para que ela pudesse dar início à campanha eleitoral em favor do seu candidato, o vice-prefeito Arthur Machado Filho, conforme foi antecipado por esta coluna, no dia 20 (veja aqui), na entrega de nove ônibus que ficaram guardados por meses, enquanto a população sofria durante a pandemia.

Já era para ter flexibilizado há muito tempo a abertura do comércio, pois a Prefeitura perdeu o completo controle da fiscalização desde o princípio, permitindo o coronavírus avançar de forma rápida e letal. Ainda que Teresa nunca tenha descido do palanque, agora ela anda com o seu pré-candidato à tiracolo, tentando tirá-lo da obscuridade a qual ele sempre esteve, um desconhecido do povo.

A prefeita e quaisquer outros políticos têm direito de apresentar seus pré-candidatos. O problema é que ela só deixará o cargo em dezembro e a prioridade continua sendo o combate ao coronavírus, embora ela mesma passe a impressão de que o maior perigou já passou. Não passou e o maior desafio agora é a prevenção, cuja obrigação é no atendimento básico.

Enquanto Teresa leva seu vice para passear e gravar vídeos a todo momento, prefeituras de outras cidades estão empenhadas em adotar estratégias mais agressivas para prevenir o contágio da população pela Covi-19, a exemplo de montar um serviço por telefone em que as pessoas com sintomas da doença são atendidas em casa, com teste e entrega do kit de remédios.

A testagem em massa, por meio de telefone e da ida de equipes volantes a locais de grande movimento, tem possibilitado baixos índices de internação e de mortes,  a exemplo do que vem ocorrendo na cidade de São de Caetano do Sul, município localizado na região metropolitana de São Paulo.

Esse sistema de testagem rápida só dá certo se tiver parcerias e diálogo com universidades, instituições e até mesmo o Exército, se preciso for, para que seja desenvolvido um serviço de monitoramento e atendimento em casa dos moradores com sintomas da doença. As equipes volantes evitam que pessoas se desloquem a unidades de saúde e possam disseminar o vírus pela cidade. E também evitam internações que acabam sufocando os hospitais.

Mas, em Boa Vista, a prefeita se isola em uma bolha virtual e, como sempre está em campanha eleitoral, não dialoga com ninguém e não aceita sugestões, pois a lógica que funciona na Prefeitura é de que sempre há um inimigo eleitoral em potencial os cercando, como se a vida da população não fosse mais importante que uma campanha eleitoral.

Agora, com a chegada do período eleitoral e o pensamento fixo de emplacar seu candidato nessas eleições municipais, seu novo teleguiado político, o vice-prefeito, Teresa não está nem aí para mudar a estratégia, mesmo tendo recebido uma montanha de recursos federais para combater a pandemia. Para ela, é confortável manter todos os doentes em nove postos de saúde.

Conforme o boletim epidemiológico divulgado ontem pelo Plano de Contingenciamento montado pelas autoridades de saúde do Estado, são 28.874 pessoas com coronavírus, das quais 21.403 em Boa Vista. São 465 mortes, sendo 374 em Boa Vista.

A Prefeitura de Boa Vista já recebeu cerca de R$140 milhões para combater a pandemia, mas ninguém sabe quanto e onde os valores estão sendo aplicados. Nem sabe o real valor que a prefeita recebeu porque tudo é feito sem transparência. O que a população sabe é que a Prefeitura não parou obras milionárias e está contratando uma empresa de Manaus para reformar mais praça.

Se o descontrole nessa reabertura gradual do comércio continuar, a população sendo induzida a acreditar que está “tudo bem” e se a prefeita continuar em campanha eleitoral sem tomar medidas mais enérgicas, como a testagem em massa da população, com distribuição de remédios, a tendência é a pandemia se agravar, mais pessoas serem internadas ou morrer.

Não podemos esquecer que a semana fechou com a lamentável perda do maior artista plástico roraimense de todos os tempos, Augusto Cardoso, mais uma vítima do coronavírus…

Quantos mais precisarão morrer?

*Colunista

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