Prefeita Teresa Surita já teve duas condenações judiciais recentes (Foto: Divulgação)

O que muitos não querem entender, especialmente os que gostam de cultuar ídolos, é que a prefeita Teresa Surita (MDB), mais do que os demais políticos, precisa estar sob monitoramento diário por seus atos, pois ela já anunciou que tem pretensões de concorrer ao Governo do Estado. Seus atos são explicitamente ligados a esta pretensão política.

Por querer governar o Estado ela precisa prestar contas de seus atos, inclusive até quando não tiver mais mandato, para que as pessoas possam avaliá-la. Disso ela não pode escapar, pois faz parte do papel da imprensa e das redes sociais monitorar aqueles que têm planos de ficar com as chaves dos cofres públicos. Depois da pandemia, a sociedade não vai querer mais ficar refém de políticos desonestos que sequer cuidam da saúde pública.

Teresa já provou que é uma ótima plantadora de jardins e reformadora de praças. Isso ninguém pode negar. Tem outros feitos, sim, graças a ajuda de seu mentor e mestre, o ex-senador Romero Jucá (MDB), que de tudo fez para alocar verbas milionárias para obras grandiosas, nos três mandatos como senador, quando serviu e baixou a cabeça para todos os governos, de FHC a Lula, de Dilma a Michel Temer, ou seja, foi subserviente a políticos de esquerda e da direita como todo bom fisiologista age.

Mas Teresa vai deixar uma cidade deficitária na saúde pública, com um quadro deprimente de pessoas morrendo na fila de atendimento sem testes e sem medicamentos para coronavírus. Esse sofrimento nas Unidade Básicas de Saúde não é de hoje. Ao longo de seus 20 anos como prefeita, os postos de saúde foram um arremedo, empurrando as pessoas para o Pronto Atendimento do Hospital Geral de Roraima (HGR). Isso é fato inegável.

Teresa também vai deixar uma cidade entregue ao caos no trânsito, onde a mobilidade urbana foi uma fachada com gasto de R$65 milhões sem a construção de um viaduto sequer ou mesmo do “mergulhão” que ela prometeu na última campanha eleitoral para resolver a tormenta que é o tráfego no chamado “sinal do Ibama”. Fora os demais trechos onde semáforos foram instalados como paliativos após décadas de descaso. São vários os pontos de “gargalos” no trânsito que precisam ser resolvidos antes que seja tarde.

Em poucos anos, seremos a pior cidade para se locomover para o trabalho, para deixar os filhos na escola e para o lazer ou mesmo para fazer uma compra no supermercado. E os milhões oriundos de empréstimo que o boa-vistense vai pagar farão muita falta, sem que a população saiba onde foram gastos, pois a Prefeitura nunca explicou a aplicação desse recurso milionário.

Teresa faz questão de não entender, fazendo o papel de vítima, tentando desfazer que falhou feio na saúde pública e errou em não ter construído um plano de mobilidade urbana de verdade. Pelo que ela apresenta, parece que o papel de um administrador público só é entregar obras milionárias para deleite dos olhos do cidadão. O coronavírus está cobrando a conta de quem não fez a lição de casa na saúde pública.

O governador Antonio Denarium (sem partido) está sendo cobrado severamente por seus erros iniciais no governo. Foi duramente cobrado aqui e tomou suas decisões, sobre as quais a população está de olho para que efetivamente solucione os graves problemas na saúde. Ele aprendeu a lição de que não existe “nova matriz econômica” se as pessoas estão morrendo nos hospitais.

Mas Denarium não é Teresa. Ele foi eleito na onda bolsonarista por se apresentar como um “não político”, sem vícios. Seus atos estão sob avaliação e será cobrado futuramente. Teresa, não. Teresa é política de carteirinha. Está há 20 anos como prefeita de Boa Vista, além de outros cargos que exerceu desde quando era primeira-dama de Romero Jucá. Não há desculpa para se livrar de suas responsabilidades.

Teresa precisa ser cobrada dia e noite, noite e dia. Ela precisa aprender que governar o Estado de Roraima não é se aboletar no Palácio do Governo e achar que o maior feito é mandar sua eficiente equipe florir e colorir o Parque Anauá em tempos de arraial junino; ou construir outro monumento mais alto do que ela está construindo na beira do Rio Branco, como se lá de cima não desse para ouvir o choro das famílias nem ver os corpos de pessoas sendo enterrados, sem velório, vítimas do caos que se tornou a saúde pública.

Não se pode esquecer que Teresa foi condenada pelo desvio de recursos públicos de acordo com investigação realizada pelo Ministério Público Federal (MPF). Foram condenados também Nélio Afonso Borges, secretário de Obras, e seu irmão, Nei Afonso Borges, empresário e sócio da empresa NAB Engenharia Ltda. As irregularidades  decorreram de convênio celebrado entre o Ministério das Cidades, no qual a prefeita já havia trabalhado, e a Prefeitura de Boa Vista. No procedimento licitatório para contratação de empresa para obras de asfaltamento de diversas vias de Boa Vista ocorreu favorecimento e superfaturamento de preços, conforme o MPF.

A prefeita também foi condenada à perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos por cinco anos, por fraude em licitação, acusada pelo Ministério Público de Roraima (MPRR), quando este órgão tinha olhos para investigar a Prefeitura. Ela foi acusada de direcionar, em 2001, licitação que beneficiou a empresa Diagonal Urbana e Consultoria Ltda, que tinha entre os sócios o irmão do ex-senador Romero Jucá, Álvaro Oscar Ferráz Jucá. O MP constatou ainda duas licitações realizadas para objetos semelhantes, tendo a mesma empresa como vencedora. O processo licitatório era para contratação de empresa de prestação de serviços para realizar pesquisa e diagnósticos, elaboração de estudos e de planos de ação integrada, além de gerenciamento e execução de serviços de ação social, em apoio as atividades e aos programas da Prefeitura. Não houve sequer edital publicado.

É por isso que ela precisa ser monitorada. E por isso também é muito ridículo o papel de vítima que ela tenta se impor, como se a política fosse o Twitter dela onde só estão os que lhe aplaudem e a bajulam. Saia da bolha, prefeita. Encare os fatos se quiser ter outros planos mais ousados na política. Essa máscara de prevenção ao coronavírus em breve não será mais necessária. Assim como não é necessária essa máscara política que a senhora utiliza para se esquivar das críticas.

*Colunista

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