Imagens públicas

No fatídico vídeo da reunião ministerial com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), divulgado com autorização judicial, há muitos trechos que merecem toda a atenção, pois representam um projeto que pode arruinar o Estado de Roraima, a começar pelo funcionalismo público, que teve seu salário congelado por dois anos.

Já sabemos que o funcionalismo público movimenta a engrenagem da economia do contracheque roraimense. Na fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, o congelamento salarial foi classificado como “uma granada no bolso do inimigo”. Ou seja, uma bomba que caiu no colo de Roraima, que terá graves consequências diante do quadro desenhado pelo coronavírus.

Oitra fala que trata das empresas merece uma atenção especial nesse momento em que as pequenas empresas estão indo à derrocada na esteira da pandemia.  O ministro disse que o governo já montou um comitê de bancos para salvar especialmente os mais ricos, obviamente instituições financeiras e grandes empresas, como forma de sobrevivência pós-coronavírus.

Vejamos a fala dele: “É dinheiro que nós vamos botar usando a melhor tecnologia financeira lá de fora. Nós vamos botar dinheiro, e … vai dar certo e nós vamos ganhar dinheiro. Nós vamos ganhar dinheiro usando recursos públicos pra salvar grandes companhias. Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas. Então, nós estamos fazendo tudo by the book, direitinho”.

Trata-se de um projeto que já vinha sendo colocado em prática pelo governador Antonio Denarium (sem partido), aliado de primeira hora do governo Bolsonaro. Desde que assumiu, ele optou por direcionar toda sua atenção aos grandes produtores, em um projeto do agronegócio, viajando para outros estados a fim de convidar empresários a se estabelecerem em Roraima.

Enquanto isso, deixou a Saúde nas mãos da corrupção, resultando na ampliação do caos que estamos assistindo agora. A Educação foi outro setor severamente castigado, pois sequer o governo conseguiu estabelecer um calendário para o início das aulas, especialmente nas escolas do interior e das comunidades indígenas.  Na Segurança só não foi pior porque o sistema prisional, de onde sai a maior parte da violência, já estava sob intervenção federal.

Enquanto Denarium colocava em prática sua política voltada aos grandes, a Prefeitura de Boa Vista seguia atacando os pequenos, dos informais aos comércios na periferia.  Com o coronavírus, esse endurecimento só encrudesceu.  São estes pequenos (informais, autônomos, micros e empreendedores individuais) que estão sob fogo pesado por causa da quarentena. E a prefeita Teresa Surita (MDB) não tem o mínimo sentimento por eles.

Essa ausência de sentimento por parte de Teresa não se trata tão somente de uma estratégia de enfrentamento à pandemia. É um projeto nacional de governo e que vinha sendo desenhado muito antes do coronavírus.  Interessa aos governantes salvar somente os grandes, porque só com os grandes eles podem ganhar dinheiro. É por isso que a Prefeitura concentra-se em sacrificar somente os pequenos, na mesma medida em que o governo aposta tudo nos grandes.

A estratégia da prefeita de Boa Vista sempre foi ancorada em grandes empresas de fora, sendo as principais de São Paulo. Boa Vista foi desenhada para estes grandes ganharem dinheiro. O projeto para os grandes sempre foi prioridade nos governos locais, com sacrifício dos pequenos e do funcionalismo público. E segue o velório dos pequenos  com a pandemia que está em curso.

*Colunista

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