O caso da operadora de caixa, morta a paulada pelo ex-marido na terça-feira, revela não apenas a faceta mais cruel do feminicídio no país, como também a ineficácia do governo para lidar com essa grave questão. Em Roraima, as políticas públicas simplesmente não funcionam.
O Governo do Estado sequer consegue fazer funcionar a Casa da Mulher Brasileira, que deveria ser um braço de apoio para mulheres vítimas de violência doméstica que procuram a Delegacia de Defesa da Mulher. A operadora de caixa já havia buscado medida protetiva, mas não recebeu o devido apoio que precisava do Estado.
A Casa da Mulher Brasileira tem servido mais como um cabide de emprego para os favorecidos do governo, acomodados em cargos públicos. Recentemente, o que tem sido visto por lá são somente venezuelanas que vão diariamente em busca de algum tipo de favorecimento. Políticas públicas para as mulheres vítimas de violência são praticamente inexistentes.
O Estado não tem dado as condições necessárias para um atendimento constante a partir da denúncia na delegacia, que por si só já não tem estrutura necessária, seguindo com o acompanhamento com os recursos de uma política efetiva, seja por meio da Casa da Mulher Brasileira como das demais instituições. Mas não existe busca ativa de vítimas nem continuidade no acompanhamento de quem pede medidas protetivas.
Fica todo mundo na teoria, em longos debates e ar-condicionado, tornando sem eficácia as medidas protetivas, como foi o caso da operadora de caixa, que estava em casa se restabelecendo do coronavírus, mas não conseguiu escapar do feminicídio. Esse caso não pode passar despercebido. Ele deve servir como um divisor de água sobre o que o governo quer daqui para frente no combate à violência doméstica e ao feminicídio.
Também deve servir de reflexão para outras entidades e instituições que lidam com a questão da mulher. É preciso tirar do papel as políticas públicas para a redução da violência contra a mulher, que é um compromisso do país com a Organização das Nações Unidas (ONU). As mulheres não podem mais continuar sendo vítimas dentro de uma sociedade que finge que não está vendo nada.
*Colunista