Em entrevista a uma rádio na Capital, neste domingo, o governador Antonio Denarium (sem partido) voltou a repetir a estratégia de que “não viu” e “não sabia” dos casos de corrupção que acabaram sendo revelados na Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) com recursos destinados à prevenção e combate ao coronavírus. E adotou um novo jargão de que “não precisa roubar dinheiro público”.
De fato, Denarium vem acumulando riqueza há muito tempo e continua engordando suas contas com seus negócios na venda de terras a grandes produtores, atraídos com promessas governamentais, e no agronegócio, que é seu principal projeto de governo. Apesar disso, não consegue explicar como um secretário paga R$6,4 milhões antecipados em uma compra irregular sem que ele tenha sido comunicado. É muito dinheiro para que um secretário sozinho tenha toda essa autonomia.
Ao mesmo tempo que alega que não sabia e que agiu tão logo ao tomar conhecimento das irregularidades, demitindo o secretário, nos bastidores chegam informações de que um emissário do governador já estaria negociando apoio político para que ele não seja sacado do cargo, caso passe o pedido de impeachment protocolado na Assembleia Legislativa.
Pessoas ligadas à lideranças do Município do Uiramutã afirmam que estaria sendo negociada a indicação de candidatura à prefeitura daquela cidade, tendo como contrapartida votos contra um possível pedido de impeachment. Eles dizem que essa negociação segue em outros municípios. Como tornou-se praxe do governador dizer que “não sabia”, possivelmente ele deverá alegar que também não tem conhecimento de alguém, nas entranhas do Palácio do Governo, articulando isso.
Na pior das hipóteses, o governador estaria mesmo sendo apunhalado pelas costas, da forma como ele justifica diante das irregularidades na Sesau. Aí seria algo mais grave do que se imagina, pois estaríamos diante de um governador fantoche, que não conseguiria mais saber o que está ocorrendo em seu governo nem teria mais domínio das negociações políticas em seu nome.
Sendo assim, enquanto Denarium segue com seu mantra de que “não sabia” e de “que não precisa roubar”, é imprescindível que os órgãos de controle e a própria Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a Saúde esclareçam, definitivamente, se o governador é um típico “marido traído”, ou que estaria sendo manobrado, ou estaria sendo conivente e até mesmo um partícipe nesta bandalheira na Sesau.
O que não se pode mais é aceitar que os casos de corrupção caiam no esquecimento e impunidade, como sempre tem ocorrido em Roraima. Isso é o mais importante no momento. Doa a quem doer.
*Colunista