Crise na saúde se arrasta desde os governos anteriores e não há sinais de melhorias (Fotos: Divulgação)

Já que o coronavírus permite uma trégua parcial no mundo político, o governador Antonio Denarium deveria aproveitar esse momento, que exige reclusão, para repensar seu governo e tomar decisões para combater o vírus da incompetência que se abate sobre os principais setores. A saúde pública já vivia oficialmente sob seguidos decretos de calamidade e agora, com a pandemia, é anunciado o cancelamento de cirurgias eletivas, como se isso fosse uma decisão nova.

O vírus da corrupção precisa ser extirpado da saúde pública o mais breve possível, pois vem matando pessoas nos hospitais por falta de equipamentos, medicamentos e falta de condições ideais de trabalho aos profissionais de saúde. A maternidade, por exemplo, vive um de seus piores momentos depois das mortes de bebês por infecção hospitalar, em 1996. Em outra ponta, sequer houve pressa para concluir a obra do anexo do Hospital Geral de Roraima (HGR).

Na Educação, o vírus da incompetência também está disseminado. Por dois anos seguidos, o governo não consegue dar início às aulas com um calendário escolar único para a Capital e interior. O coronavírus contribuiu para o governo suspender as aulas na Capital, onde a situação não começou muito bem, inclusive com escola reformada, mas que continuou fechada. No interior, as aulas sequer haviam começado por falta de professores, de transporte e de estrutura em muitas escolas.

No sistema prisional, onde presos estavam sendo devorados vivos por bactérias, o vírus da imobilidade acomete há tempos o setor, que está sendo administrado por longo período sob intervenção federal, o que significa que o Estado nunca conseguiu se organizar para reassumir a condução dos presídios a fim de garantir um sistema com o mínimo de dignidade.

Na segurança pública, o vírus do desaparelhamento das polícias é visível, embora haja um grande esforço dos profissionais que conduzem esse setor para enfrentar a criminalidade sem as condições ideias, onde o crime organizado decapita jovens e elimina adversários quando bem entende. Nas cidades do interior, os policiais trabalham no limite, onde tudo falta, inclusive efetivo.

Enquanto tudo isso ocorre, o governador age acometido pelo vírus da ingenuidade, achando que está construindo numa nova matriz econômica apostando somente nos grandes empresários e grandes produtores, deixando os pequenos, aqueles que efetivamente geram emprego e colocam comida na mesa das famílias, sem o apoio necessário.

É essencial que esse governo aproveite o momento para uma profunda reflexão sobre como está agindo. Essa administração acha que somente garantir o pagamento dos servidores em dia, mantendo a grande fonte de renda do Estado, que é a economia do contracheque, é o suficiente para garantir a felicidade de todos. É preciso muito mais que isso para construir um futuro melhor para Roraima.

Torna-se necessário que esse caminho seja pavimentado urgentemente, atacando os principais problemas que podem provocar um grande colapso em curto espaço de tempo. Logo o efeito do coronavírus será superado e a vida seguirá seu curso normal. E o governo não pode prosseguir acometido por esses vírus que penalizam a população mais pobre: corrupção, incompetência, imobilidade e outros que cercam a política roraimense de forma crônica.

*Colunista

1 comentário

  1. Parabéns pelo opinião.
    Apenas, se permite, faltou mencionar e reforma administrativa.
    Qual o interesse em manter pseudo diretores em Autarquias (Administração Indireta – Detran, CAER, CERR, por exemplo) recebendo entre onze e quinze mil reais, além da “caixa preta” do portal da transparências da Administração Indireta. Uma vergonha.

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