Pacientes nos corredores é cena rotineira nos hospitais de Roraima (Foto: Divulgação)

Com ou sem coronavírus, a saúde estadual já estava vivendo uma situação de caos. Um plano de contingência era para estar em andamento há tempos, a partir de  quando a migração em massa de venezuelanos superlotou a rede pública. O número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) se mantém em 20 unidades desde outras administrações, sem que houvesse vontade política para ampliação.

Caso o coronavírus acometa uma grande quantidade de pessoas, não haverá espaço nem se os pacientes forem levados para as 11 vagas  nos leitos semi-intensivos que existem.  O sistema entraria em colapso total, sendo necessária uma operação de guerra para isolar e tratar pacientes sem que sejam suspensos os atendimentos de rotina.

Esse governo sequer fez a lição de casa, que seria esforçar-se para inaugurar imediatamente o anexo do Hospital Geral de Roraima (HGR) e estruturar o Hospital das Clínicas. Em vez disso, deu sequência a uma desastrosa administração da saúde, com seguidas trocas de secretários, que saíram alardeando a existência de corrupção endêmica no setor.

No depoimento do mais recente ex-secretário, Allan Garcês, para os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, ele denunciou que até o irmão do governador tentava interceder por uma empresa fornecedora de medicamentos de alto valor, que está sob investigação, para que fossem pagas faturas.  E isso foi abafado e amenizado, como se  não fosse algo grave.

Foi citado também  que haveria suspeita de que uma grande empresa estaria em entendimentos para se instalar em Roraima a fim de terceirizar leitos para a saúde estadual, o que revelaria que esse sistema em colapso possibilita vantagens financeiras a empresa privadas de outros estados, além daquelas já beneficiadas sem processos licitatórios desde o governo anterior.

Com os olhos do mundo voltados para o coronavírus, a saúde estadual também foca sua atenção na nova doença, mas sabendo que não tem estrutura para fazer frente a uma possível grande demanda de pacientes, uma vez que os atendimentos e a estrutura estão saturados pela demanda diária.  Seria necessária uma mobilização de outros órgãos e instituições para socorrer a população.

É necessário que, independente do avanço ou não do coronavírus, haja uma mobilização para tirar a saúde do buraco, aliviando aqueles que penam na fila de espera ou que sofrem nos corredores improvisados.  A CPI da Saúde, em andamento na Assembleia Legislativa, tem a grande responsabilidade de dar a principal resposta à sociedade para estancar a corrupção no setor e punir os que contribuíram para isso.

Está comprovado que o Governo do Estado não tem forças ou vontade política para mudar esse cenário. Já se passou um ano de governo e nenhuma mudança substancial foi concretizada até aqui, a não ser a troca constante de secretários, inclusive o atual foi guindado ao cargo sob acusação de assédio sexual e moral. Se o coronavírus avançar, viveremos dias muito piores que jamais imaginamos.

*Colunista

 

 

 

 

 

 

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