Foto: divulgação

 

A população do bairro 13 de Setembro, localizada na zona sul da Capital, sofre diariamente com a falta de água, principalmente por quem mora na parte alta daquele setor. Até mesmo as residências que têm caixa d’água não são poupadas. As famílias obrigam-se a acordar de madrugada para depositar água em baldes e panelas, em uma cena típica do sertão nordestino. Donas de casa só conseguem usar a máquina de lavar roupa depois da meia-noite, quando a água consegue subir para as torneiras e caixas. Às 6h da manhã já não tem mais água na torneira muito menos no chuveiro.

O problema só piorou com a construção dos abrigos para venezuelanos, a partir de quando o Exército passou a fazer captação de água da rede de distribuição para os reservatórios que abastecem os estrangeiros, conforme informou o presidente da Companhia de Abastecimento de Água e Esgoto de Roraima (Caerr), James Serrador, ao ser contatado por esta coluna.

Ele disse que a Caer pediu para o Exército desligar o registro da capitação dos abrigos para que os moradores do 13 não fossem mais castigados com a falta de água. Nesta segunda-feira, depois que ele recebeu a denúncia dos moradores, por meio do Roraima1, James Serrador afirmou ter enviado uma equipe para verificar se os registros foram abertos novamente e ordenar que fossem fechados, se fosse o caso.

O que chama a atenção nesse fato é que o Exército recebe recursos federais para a Operação Acolhida e tem toda estrutura necessária para construir poço artesiano destinado a abastecer os abrigos dos venezuelanos, conforme observou o presidente da Caer. Mas, em vez disso, penalizou as famílias que sofrem por causa do aumento do consumo de água pelos imigrantes. O drama é diário para quem mora naquele bairro, que clama por uma solução imediata.

O presidente da Caer informou que um processo licitatório está andamento para construir um poço artesiano com a finalidade de reforçar o abastecimento no bairro 13 de Setembro. Enquanto isso, ele disse que seria aumentada a pressão na bomba que abastece aquele setor da cidade, que é um paliativo para tentar amenizar o sofrimento dos moradores do 13. Porém, até hoje o problema da falta de água persiste diariamente.

O impressionante nisso tudo é que a falta total de água durante o dia vem ocorrendo há pelo menos seis meses no 13 de Setembro. Nesse período, os moradores são obrigados a se levantar na madrugada para armazenar água ou para fazer atividades domésticas, como lavar roupas, louças e fazer faxina, enquanto os venezuelanos são abastecidos sem qualquer problema. É no mínimo absurda essa situação.

É necessário que as autoridades tomem providências urgentes, pois trata-se de uma necessidade básica de qualquer ser humano que está sendo negada pelo poder público, enquanto abrigos para estrangeiros são privilegiados. É uma total inversão de prioridade. Nem brasileiro nem estrangeiros devem ser privados de uma necessidade básica, por isso é necessário que a Caer e o Exército busquem uma solução imediata.

O martírio das famílias do 13 é antiga, desde a chegada em massa de venezuelanos. O bairro foi o primeiro a ser impactado e, desde lá, as autoridades não agiram para amenizar os problemas sociais e de estrutura. A falta de água também não é recente e o governo fechou os olhos para a questão, apesar das seguidas denúncias dos moradores para a Caer. E parece que esse sofrimento vai continuar, para o desespero de quem nada pode fazer, a não ser acordar de madrugada. É ultrajante.

*Colunista

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here