A ação da Polícia Rodoviária Federal no Município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, Norte de Roraima, foi o claro indicativo de que as autoridades federais não toleram manifestações de brasileiros, ainda que pacíficas, mas fazem vistas grossas para a criminalidade praticada por venezuelanos de má índole que impõem o terror naquela cidade fustigada pela migração em massa de estrangeiros.
Conforme o artigo da semana passada, os seguidos alertas vêm sendo externados, na fronteira, sem que o governo brasileiro dê respostas imediatas para conter o avanço da criminalidade em Pacaraima e impor a autoridade numa terra que se tornou sem lei. Enquanto isso, os legítimos protestos de brasileiros receberam a imediata repressão, como se bandidos fossem, numa inversão que só o Brasil das injustiças explica.
Em Brasília, parece que o Governo Federal está satisfeito com o que se diz a respeito da Operação Acolhida, como se estivesse funcionando exemplarmente, servindo de fachada para o mundo ou para inglês ver, enquanto o êxodo em massa avança e o caos ronda Pacaraima e amplia os problemas não só em Boa Vista, a Capital, como também nos demais municípios do interior do Estado.
Certo está o povo de Pacaraima, que foi às ruas de forma pacífica, junto com suas autoridades municipais legitimamente respaldadas pelo voto popular, o que deveria receber o apoio também das autoridades federais como grito de alerta para que autoridades do alto escalão tomem consciência de que a realidade não é aquela desenhada nos relatórios da Operação Acolhida.
O temor é de que essa repressão que se mostra excessiva, sem que tenha havido ao menos uma decisão judicial, possa despertar a indignação geral daquela população e o protesto ordeiro ganhe outro desfecho que não será bom para ninguém, nem para brasileiros muito menos para os venezuelanos. É por isso que as autoridades precisam atentas a isso, mais que nunca, e possam agir para se evitar o pior.
O fato é que esse protesto, mais uma vez, serve para explicitar à população brasileira que nada está bem, nem na fronteira, onde impera a violência e a marginalidade, nem nos demais municípios e muito menos na Capital, que não suporta mais a situação da forma que está, com uma ação para apenas acolher, sem interiorizar imediatamente quem chega, para que o Estado de Roraima não pague o ônus sozinho dessa migração massiva.
Não se pode mais apenas romantizar a questão da imigração venezuelana. Esse problema deve ser abraçado pelo Brasil, que historicamente ignorou o extremo Norte brasileiro. O governo Bolsonaro não se comove com o que está acontecendo. Ao menos a Assembleia Legislativa se fez presente para dar apoio ao povo de Pacaraima. E onde estão as demais autoridades? Vão esperar acontecer o pior?
*Colunista