O cidadão roraimense que depende exclusivamente do setor público  quer muito acreditar em uma mudança de rumo na Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), entregue ao desmando, à corrupção e à politicalha há muito tempo. Mas a mudança de comando (a quarta) anunciada pelo governador Antonio Denarium não inspira a menor confiança.

A nomeação do médico político Allan Garcês para comandar a Sesau reacende lembranças  nem tão antigas assim. Ele já chega usando velhos jargões já utilizados no passado, mas que caem muito bem para os dias de hoje em vendedores de curso de coach: “modelo de gestão para o Brasil”, “diagnóstico situacional” e outros penduricalhos, a exemplo de quando o então governador Neudo Campos entregou a saúde para uns oportunistas que implantaram as famigeradas cooperativas, antros de corrupção.

Outro fato é que historicamente a saúde foi entregue para médicos com pretensões políticas partidárias, que se apoderaram do setor como trampolim para encher o pé de meia a fim de viabilizar sua futura candidatura. Foi assim com médicos locais, que quando conquistaram seus mandatos viraram as costas não só para a saúde como também para o interesse do Estado.

Esse novo secretário que está chegando já tentou ser deputado federal e tinha pretensão de ser candidato a prefeito de São Luís, no Maranhão, este ano.   E o que motiva vir para Roraima sem ter conseguido mudar a situação da saúde pública do Maranhão, mesmo ele tendo sido influente no Ministério da Saúde no governo de transição do presidente Jair Bolsonaro?

Que amor e compromisso são  esses  por Roraima, enquanto Maranhão já despontou como o segundo pior investimento em saúde do país? Algo não bate nesse surto repentino de vir para Roraima com uma missão quase divina de tirar a saúde de buraco. Há algo não cheirando bem nisso.

Além de todos esses aspectos, as redes sociais estão apinhadas de denúncias de supostos erros médicos na conta do futuro secretário de Saúde, que é ortopedista. É preciso que ele se explique sobre isso e que os órgãos fiscalizadores estejam atentos para que Roraima não caia em um novo engodo que custará muito mais  caro para o povo. As pessoas estão morrendo nos hospitais e não podem mais continuar pagando  pelos erros dos políticos com a sua própria vida.

Em Roraima, há gestores competentes que poderiam consertar os erros no setor, com competência e se tivessem carta branca para isso. Mas parece que na questão da saúde o buraco é mais em cima, algo envolto em mistério político irrevelável. Difícil acreditar em aventureiro político. Queremos acreditar, mas nosso passado não nos permite.

E enquanto tudo isso ocorre, servidores da enfermagem em greve viraram o ano acampados em frente do Palácio Senador Hélio Campos (veja foto acima). Eles parecem invisíveis ao governo…

*Colunista

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