Um ano se passou de administração do governo Antonio Denarium sem que ele conseguisse resolver a situação da saúde pública. A promessa de moralização esbarra nos antigos muros construídos para manter o sistema que beneficia aqueles que sempre se locupletaram do bem público às custas do sofrimento do povo.
O muro da vergonha resiste a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa, a uma operação da Polícia Civil, a uma greve do pessoal de enfermagem e, agora, a uma investida do Ministério Público de Contas que pediu o afastamento da secretária de Saúde, Cecília Lorezom, que foi colocada no cargo por Denarium com a missão de pôr ordem na casa. Mas, pelo que aponta o MP de Contas, tudo continua na mesma, revelando que o governo não tem forças para agir.
O corpo mole para enfrentar o cancro que corrói a saúde pública não condiz com o que foi prometido na campanha eleitoral pelo então candidato a governador, que falava grosso pela moralidade e dizia que por ser um “não político” teria as mãos firmes para transformar o Estado. Era só promessa.
Essa firmeza sequer se confirmou em seus atos políticos, que jogou aliados na fogueira da vaidade ao tentar liderar um levante contra o Poder Legislativo, com vazamento de áudio e isolamento de seu líder na Assembleia Legislativa. E o ano irá fechar com outro gol contra ao tentar beneficiar delegados da Polícia Civil em prejuízo às demais categorias, despertando a ira do funcionalismo público que já vinha insatisfeito.
Denarium também finda esse primeiro ano sob suspeita de favorecimento de empresas nas obras de reforma no sistema prisional e do esgotamento sanitário no bairro Cidade Satélite, favorecimento este que está sendo apurado pela Comissão de Obras da Assembleia Legislativa. Aliás, favorecimento dos grandes empresários foi a tônica das principais críticas lançadas contra o governo, que ainda tem contra si a insatisfação das pessoas que tiveram o cancelamento do benefício social Crédito do Povo.
Enquanto isso, o povo continua penando nas filas dos hospitais à espera de um milagre, já que dessa política pouco ele pode esperar nesse momento. E tem ainda o êxodo massivo de venezuelanos, assunto silenciado em todos os níveis de governo, uma bomba armada em contagem regressiva.
O ano não termina bem e não há perspectiva de melhoria enquanto o governo continuar agindo seletivamente para beneficiar alguns, enquanto a maioria segue submetida às antigas mazelas mantidas pela política da mesmice. Lembrando que 2020 é ano eleitoral…
*Colunista