As inverdades do governador Antonio Denarium (PSL) sobre a possibilidade da rápida aprovação de um projeto de lei que iria liberar o garimpo em terras indígenas não se sustentou por muito tempo.  Logo após ele ir para as redes sociais anunciar a lorota, o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu entrevista na Globo News dizendo que se o governo Jair Bolsonaro (PSL) enviar o projeto, este será arquivado de imediato.

Denarium foi para Brasília na semana passada e, na surdina, vem bancando  uma comitiva de garimpeiros (leia-se representantes de empresários que faturam com o garimpo) para fazer coro junto ao governo, reforçando uma manifestação que estava sendo realizada em Roraima com bloqueio de um trecho da BR-174.

Essas mobilizações foram engendradas em gabinetes palacianos, inclusive há gente lá dentro que financia a exploração mineral ilegal. A propósito, por pouco uma operação da Polícia Federal não conseguiu flagrar um dos “peixes graúdos” quando houve uma operação que apreendeu aeronaves.  Mas as evidências estão aí, basta avançar nas investigações.

Os financiadores do garimpo enxergaram um momento que eles imaginavam propício para pressionar a legalização do que vem sendo realizado sob as vistas grossas dos governos local e federal em áreas protegidas. A alegação não poderia ser mais obscena: “já que está dentro, então deixa”.

Os governantes precisam observar a legalidade, coibindo o que é ilícito, antes de começar a discutir a legalização. Deixar de combater o ilegal se equivaleria ao deixar de combater o tráfico de drogas só porque existiria a perspectiva de se legalizar a maconha, por exemplo.

O pais vem passando por uma grave crise de respeito à Constituição, e o Estado de Roraima não pode ser o financiador de mais um ato de respaldo ao ilegal. Precisa haver lucidez nas discussões, longe de devaneios e incentivo ao que não é amparado por lei, como vem fazendo o governo Denarium.

Há índios que são favoráveis ao garimpo, mas isso não significa que é um sinal verde para o “liberou geral”. Nossos maiores patrimônios estão sob o risco provocados pelo garimpo: as reservas de água potável. Só isso já é suficiente para  frear qualquer ato impensado.

O governo Denarium não pode seguir na sanha de só querer beneficiar os grandes empresários (de garimpo, do agronegócio, empreiteiros), usando o pobre garimpeiro fragilizado pelo desemprego e falta de perspectiva de vida melhor.  Precisamos de mais lucidez e menos mentiras que insuflam o cidadão ao ódio e à ignorância.

*Colunista

 

 

 

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