Com a polarização do debate sobre a situação das queimadas na Amazônia, duas ações que partiram dos poderes Executivo e Legislativo indicam que as autoridades estão se mexendo  a fim de tomarem iniciativas para que Roraima não entre como violão dos grandes incêndios e queimadas descontroladas, como vem ocorrendo nos últimos anos.  O primeiro passo é reconhecer que temos um grande problema, ao contrário de como agiu o presidente Jair Bolsonaro (PLS), que tentou negar e até culpar as Organizações Não Governamentais (ONGs).

Nós temos, sim, um sério problema com o fogo que anualmente consome imensas áreas de lavrados, ao Norte, e de florestas, ao Sul.  Essas duas regiões têm regimes pluviométricos diferentes, pois no Sul do Estado o período de chuvas começa e termina mais cedo, o  que indica que em poucos dias as queimadas já se tornarão um problema naquela região de floresta. É por isso que o planejamento de prevenção e combate ao fogo precisa começar bem cedo.
Embora equivocado em vários ações, está certo o governador Antonio Denarium (PSL) que aderiu ao decreto presidencial que autoriza o uso das Forças Armadas às queimadas na Amazônia. Que essa ajuda militar seja utilizada para prevenção e combate ao fogo que começará a ser usado no preparo das terras para a agricultura, em especial onde as chuvas já começaram a cessar, no Sul de Roraima, acompanhado de um planejamento estratégico antes que o período de seca comece a se asseverar em todo o Estado.
Certo também está o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Jalser Renier (SD), que anunciou a intenção do Legislativo em criar uma comissão parlamentar destinada a fiscalizar ações de governo na prevenção e combate aos incêndios.  Essa deveria ser uma ação permanente, não só na questão do fogo, como também no que diz respeito ao inverno, quando as chuvas provocam estragos nas estradas e pontes, deixando populações ilhadas e agricultores sem poder escoar seus produtos.
O Estado de Roraima precisa assumir suas responsabilidades nas grandes questões, a exemplo dos incêndios que provocam danos irreparáveis ao meio ambiente e prejuízos incalculáveis à economia, com severos reflexos principalmente aos pequenos e médios produtores.  Chega de ficar na completa omissão, como os que preferem usar antigos argumentos, pregando paranóias ambientais e internacionalização da Amazônia.  O mundo só respeita quem age com responsabilidade.
A forma omissa como agiu o presidente do Brasil provocou reações do mercado que podem provocar sérios prejuízos ao agronegócio. Vale lembrar que  a  Finlândia pediu boicote à carne brasileira e França e a Irlanda se opuseram ao acordo Mercosul e União Europeia. Esse é um dos piores cenários que o Brasil podia ter por não ter uma política ambiental. O neoliberalismo não brinca quando mexe no mercado. E podemos pagar um preço mais caro ainda se o Brasil não tiver um líder pautado na sensatez, em vez de um pensamento retrógrado sobre o meio ambiente e principalmente sobre a Amazônia.
Que as autoridades de Roraima ajam com responsabilidade nesse momento delicado.  Se governos passados não tivessem sido irresponsáveis, hoje seríamos exemplo para o mundo na questão de monitoramento, prevenção e combate a incêndios. Mas tudo foi desmobilizado e sucateado, a exemplo do Centro de Operações do Prevfogo e o Comitê Estadual de Prevenção, Controle de Queimadas e Combate a Incêndios Florestais. Regredimos e precisamos retomar essas ações. É o mínimo que Roraima pode fazer dentro desse contexto que ganhou contorno mundial.

*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

 

 

 

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