O atual governo, que começou ainda em dezembro do ano passado, por meio de uma intervenção federal, tinha a promessa de agir de forma diferente das administrações anteriores, em especial de sua antecessora que contribuiu severamente para colocar Roraima no buraco. A regularização do pagamento de servidores terceirizados estava na lista das prioridades, porém, o governo Antonio Denarium tem apresentado mais do mesmo na forma de agir.
Os trabalhadores terceirizados já começaram a ser castigados com o atraso no pagamento, a exemplo do que ocorreu em administrações passadas. Funcionários que prestam serviço na área saúde como porteiros e vigilantes no Hospital Geral de Roraima (HGR), Hemocentro, Policlínica Cosme e Silva, Hospital das Clínicas, Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), dentro outros, vão entrar para o terceiro mês, em agosto, sem receber pagamento.
Esses profissionais trabalham para a Distribuidora Vril Comércio Odonto Médico Hospitar Eireli, que alega não estar recebendo o repasse pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), conforme justificativa que a categoria recebe da empresa. Com aluguel atrasado, aviso de cortes nos serviços básicos, dificuldade na alimentação da família, humilhações e constrangimentos em geral, a maioria tem medo de reclamar e, segundo eles, quem se atreve a tomar satisfação acaba sendo dispensado porque ainda estão em fase de experiência.
Somente desta empresa, são cerca de 140 pais de família submetidos ao mesmo cenário do governo anterior, quando os terceirizados montaram acampamento em frente ao Palácio Senador Hélio Campos quando não suportaram mais oito meses de salários atrasados. E o temor da categoria é que a situação avance e fique insustentável, porque não há mais dinheiro para pagar transporte público ou colocar gasolina em seus veículos. Cena repetida que lamentavelmente começa a acontecer em um governo que prometeu fazer tudo diferente.
A apreensão desses pais de família aumentou quando souberam da notícia da operação da Polícia Civil realizada ontem no HGR, como parte da investigação de médicos sob suspeita de duplicidade de contratos e/ou que não estariam cumprindo a carga horária. Eles sabem que a corda sempre arrebenta do lado dos mais fraco e temem que algo aconteça que possa resultar em suas demissões, o que seria muito pior.
Independente de qual seja o problema que esteja ocorrendo, esses pais de famílias pedem respeito com a dignidade humana de quem trabalha e tem o direito de receber, principalmente em um governo que se elegeu sob a bandeira da moralização. O governador não pode ficar alheio ou conivente com uma grave situação dessa. É necessário que o governo dê uma explicação sobre o caso e aponte onde está o erro para que seja corrigido.
Como os trabalhadores recebem a justificativa de que o problema estaria na falta de repasse por parte do governo, então que os órgãos fiscalizadores ajam a fim de verificarem não apenas esse contrato, mas os das demais empresas terceirizadas para que o caos não seja instalado novamente, quando pais de família tiveram que acampar e pedir comida em frente do Palácio do Governo, cena esta que se prolongou até os primeiros meses dessa atual administração. Não se pode admitir que este governo caia no mesmo cenário de terra arrasada da administração anterior.
*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br