Timidamente, a Prefeitura de Boa Vista apareceu com uma campanha educativa sobre o trânsito ao massificar um institucional chamando a atenção para o respeito à faixa de pedestre, tanto por parte do cidadão que vai usá-la quanto pelo condutor de veículo. Mas todos sabemos que o boa-vistense já está conscientizado sobre a faixa de pedestre, a ponto de surpreender qualquer visitante de outro Estado.

Para se ter uma ideia de que o respeito à faixa de pedestre já está internalizada em nós, até os venezuelanos que chegaram sem qualquer noção de trânsito começaram a aprender a usá-la também, sem que tenha havido uma campanha de conscientização voltada para eles ou para a população em geral. É só passar em frente a um desses abrigos, onde haja faixa de pedestre, que o condutor verá venezuelanos acenando com a mão para pedir passagem.

É por isso que esse institucional colocado no ar, em virtude da “Campanha Maio Amarelo”, não quer dizer muita coisa nem mostra boa intenção em abandonar a “indústria da multa” instalada em Boa Vista desde a primeira administração da prefeita Teresa Surita (MDB). As campanhas educativas passam longe da ânsia de multar a qualquer custo como forma de arrecadar dinheiro do contribuinte.

Por coincidência, na semana passada os internautas reclamaram que a Prefeitura vem instalando radares eletrônicos – os chamados “pardais” – escondidos entre galhos de árvores e sem sinalização para advertir o condutor. É a política de multar sem se preocupar com a educação e a conscientização para um trânsito melhor como forma de uma política de governo.

A multa tornou-se o pote de ouro da prefeita. Basta observar que a “bola” da Praça do Centro Cívico, local onde ocorrem as principais manifestações populares, é o ponto preferido para multar e apreender veículos, principalmente nos dias em que há grandes mobilizações. Mesmo “metendo a faca” no contribuinte, a Prefeitura sequer sinaliza aquele local, ao menos para justificar a pressa em emitir multas.

É fato a necessidade de se adotar medidas para inibir e punir os infratores, mas é necessário também que haja bom senso dentro de uma política de trânsito que balanceie a educação e punição. Não custa lembrar que há um ano a Justiça suspendeu a aplicação de multas por meio dos “pardais” justamente por haver indícios de irregularidade, ou seja, da existência de uma “indústria da multa” que sacrifica o contribuinte.

Basta a falta de transparência das obras milionárias realizadas pela Prefeitura. A propósito, as obras de mobilidade urbana, que consumiram quase R$60 milhões de recursos provenientes de um empréstimo que todos iremos pagar, deveriam ter sido planejadas para reduzir o número de acidentes de trânsito. Mas, como se pode observar, a indústria de arrochar o contribuinte tornou-se uma política de governo….

*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

 

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