Foto: Reprodução / UOL

Rei do Cangaço, com seu bando, foi responsável por moldar os negócios no “nordeste profundo” e reformular a estrutura política da região Nordeste do país

Virgolino Ferreira. Virgulino Ferreira. Capitão Virgulino. Capitão Lampião. Lampião. O nome, o título ou o apelido — não importa como se chame, mas, ao pronunciar o nome de Lampião, mesmo o mais inculto dos sujeitos saberá de quem se trata, saberá que estamos falando da lendária figura, do mítico cangaceiro, responsável pelas mais absurdas atrocidades e dono das histórias mais poderosas do passado recente do país.

Virgulino Ferreira é um dos personagens mais interessantes e ricos da história do país (analisado até pelo historiador britânico Eric Hobsbawm). Rodeado de lendas sobre si e seus feitos, a biografia de Lampião sempre careceu de veracidade. Muito sobre ele se fala, pouco de fato sobre ele se conhece.

Muitas vezes retratado como a maior figura do banditismo rural do começo do século passado, ladrão sanguinário e dado a crueldades, também teve sua trajetória retratada como a de um nordestino miserável que viu no crime a saída para as injustiças sociais pelas quais passou na vida.

Lampião ainda é o imã da curiosidade de muitos no que diz respeito a sua vida. Se tornou mito ainda em vida, sendo admirado e emulado por vários. Matuto, não era ignorante, no entanto. Foi responsável por criar uma das maiores redes de contato num período onde apenas os bem abonados quem tinha o poder se comunicar eram apenas os bem abonados. Cunhou uma estética que era invejada pelos jovens, admirada pelas mulheres, e copiada pelos seus desafetos.

O capitão teve sua vida representada por meio de músicas, filmes, novelas, séries de televisão, entre outras manifestações artísticas. Surgiram algumas biografias, mas todas com profundas lacunas sobre trechos importantes da sua vida. No entanto, o historiador Frederico Pernambucano de Mello, uma das maiores autoridades na história do cangaço brasileiro, se propôs a preencher essas lacunas compondo sua própria pesquisa, cujo resultado é a obra “Apagando Lampião — Vida e Morte do Rei do Cangaço”, que veio a lume pela Global Editora no final do ano passado.

A tarefa de Mello mostrou-se hercúlea, mas compensadora. Sua biografia sobre Lampião é um dos mais refinados trabalhos sobre essa figura marcante da história do Brasil. O pesquisador, que já foi elogiado pelo sociólogo Gilberto Freyre como “mestre dos mestres em assuntos do cangaço”, passou anos a fio a procura das testemunhas oculares dos acontecimentos que em envolviam o grão-mestre do cangaço e com isso obteve diversas entrevistas com cangaceiros que conviveram com Lampião e fizeram parte do seu cotidiano.

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