O governo de Roraima liberou pagamentos que totalizam R$ 27,8 milhões para um instituto organizar festas no estado, mas a entidade contratada opera no endereço onde funcionam um estúdio de pilates, uma clínica de fisioterapia e uma academia de judô.
O Instituto Brasileiro de Cidadania e Ação Social (Ibras) é uma ONG que está sob investigação por supostas irregularidades na preparação da 42ª Exposição e Feira Agropecuária de Roraima (Expoferr). O evento, que custou R$ 17 milhões para os cofres públicos, acontece em Boa Vista e terá show de Wesley Safadão na sexta-feira (17). O cantor foi contratado por R$ 950 mil.
O Tribunal de Contas de Roraima bloqueou os bens da presidente do Ibras, Bruna Antony de Oliveira, e do secretário estadual de Agricultura, Márcio Grangeiro, para coibir danos ao erário com a organização da Expoferr. Na decisão cautelar, a conselheira Cilene Lago Salomão cita relatório externo que aponta a existência de atividades estranhas às funções do Ibras no endereço fornecido à Receita Federal.
Bruna foi servidora da Assembleia Legislativa de Roraima, entre janeiro e março deste ano, com salário bruto mensal de R$ 3.300. Além da Expoferr, o instituto que ela preside foi contratado para organizar o São João do Anauá por R$ 8,8 milhões. O Ibras recebeu outros repasses, superiores a R$ 2 milhões, das secretarias do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) e da Infraestrutura (Seinf).
Em perfil na rede social LinkedIn, Bruna se identifica como estudante do curso de Farmácia na Faculdade Cathedral, em Boa Vista. Ela tem 23 anos.
O Tribunal de Contas enviou cópia dos autos para o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público adotar as medidas cabíveis. A decisão cautelar será analisada pelo plenário na próxima sessão da Corte.