A subsecretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e assessora especial para Prevenção do Genocídio, Alice Wairimu Nderitu, visitou a Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami (Casai) no sábado, 6. A enviada da ONU ouviu relatos do líder indígena Davi Kopenawa, de representantes indígenas e das equipes de saúde que atuam na unidade.
Durante a visita, Alice Nderitu disse que seu papel era ouvir todas as palavras ditas pelas lideranças e equipes presentes na Casai. “Assim como uma pedrinha jogada em um reservatório de água causa anéis e pequenas ondas, é o que acontece com a história do povo que foi lançada e causou grandes”, comentou a subsecretária.
Relatos
O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY) e vice-presidente da Urihi Associação Yanomami (UAY), Júnior Hekurari Yanomami, disse que a visita coletou relatos da crise dos Yanomami. “O plano do governo sempre foi de exterminar a população Yanomami. Denunciamos, clamamos e não fomos ouvidos, e o resultado foi a morte do nosso povo”, destacou.
Em um comunicado à imprensa, a organização destacou que a assessora especial se sentiu honrada ao conhecer os representantes e funcionários dedicados à Casai. “Grata por ter ouvido suas experiências na prestação de assistência médica que salva vidas em circunstâncias desafiadoras e com capacidades limitadas”, relatou o comunicado.
Segundo a ONU Brasil, a assessora especial se reuniu com a defensora pública Regional de Roraima, Silvia Alves de Souza e com o procurador-geral da República, em Roraima, Alisson Marugal, para discutir sobre o papel das instituições públicas como garantia de acesso à Justiça a todos, principalmente, aos grupos mais vulneráveis. A subsecretária também esteve reunida com o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), e o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique (MDB).
Durante sete dias, a assessora deve se reunir com representantes do governo federal, organizações da sociedade civil, comunidades indígenas e minorias em todo o Brasil. Nas redes sociais, a organização destacou o objetivo da primeira visita de Alice. “A visita tem foco especial na situação dos povos indígenas, dos afrodescendentes e de outros grupos e comunidades vulneráveis do País”, informou.