Cinco governadores dos nove Estados que compõe a Amazônia Legal vão entregar uma “Carta da Amazônia” ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na próxima quarta-feira, 16, durante a Conferência das Nações Unidas para o Clima – COP27 que acontece em Sharm El Sheikh, no Egito. No teor do documento, estão propostas e reivindicações dos governantes para a região. O gesto é também visto como uma proposta de aliança entre os governadores e o presidente eleito.
Durante entrevista coletiva, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), cujo papel de liderança está sendo ocupado por conta da ausência do presidente do Consorcio Amazônia, Waldez Góes, governador do Amapá, declarou. “Os Estados serão aliados do governo federal na agenda de desenvolvimento sustentável e social e devem adotar uma pauta que deve ser de comprometimento com a redução das emissões, com soluções econômicas para a Amazônia e o Brasil”, destacou.
Além de Helder Barbalho, se fazem presentes ao evento os governadores do Acre, Gladson Cameli; do Mato Grosso, Mauro Mendes; do Tocantins, Wanderlei Barbosa; e de Rondônia, Marcos Rocha. Em entrevista à CNN Brasil, o governador Mauro Mendes, que apoiou Bolsonaro (PL) na recente eleição, foi mais comedido. “Queremos discutir a Amazônia num tom de respeito ao nosso País, para discutir o pagamento de serviços ambientais e a valorização da floresta. Precisamos garantir o respeito à Amazônia e a todos os que vivem lá”, declarou.
Mas, se Helder Barbalho usou um tom ameno, o mesmo não se pode dizer das declarações de Mauro Mendes. “Preservar a floresta nós queremos, mas também queremos que o povo da Amazônia possa ter direito de continuar crescendo e se desenvolvendo”, afirmou. As palavras do governador deram mais pistas. “Nós queremos ser tratados com respeito. (É preciso que os países) parem de nos ameaçar com embargos, o que é uma grande balela. Sem o Brasil como um player mundial, o preço dos alimentos dobraria”, afirmou.
Helder procurou corroborar a opinião de Mauro Mendes. “O outro pilar é o da regularização ambiental e fundiária, e que nós possamos ter o pilar econômico, e este pilar econômico perpassa por monetização da floresta em pé, pela reafirmação de que as vocações dos Estados devam ser atreladas à sustentabilidade, e com isto possamos assegurar a prioridade ao tripé ‘pessoas, economia e floresta’, sem que a sequência seja interpretada como um ator de prioridade”, destacou ele.
Responsável por articular o grupo, Barbalho reforçou a visão de protagonismo que a própria presença de Lula leva à COP27. “Um patamar de protagonismo positivo, reinserindo o Brasil no centro dessas discussões. Compreendo que o diálogo com o governo federal será um facilitador para que possamos unir esforços em torno da agenda que, reciprocamente e coletivamente, vamos construir”, declarou com otimismo o governador do Pará.