Foto: Mateus Bruxel / Agencia RBS

Desde que o resultado das urnas foi proclamado neste segundo turno, dando a vitória mais apertada em uma disputa presidencial a Luís Inácio Lula da Silva (PT), que a tentativa de impor o clima de caos ao país, tem sido adotada por uma parcela pequena de eleitores de Jair Bolsonaro (PL). Em Roraima, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), não há mais pontos de bloqueio em nenhuma rodovia.

Porém, ainda na tarde deste feriado, um grupo de manifestantes ocupa a frente do Batalhão do Exército em Boa Vista, com faixas e dizeres antidemocráticos, como por exemplo o pedido de intervenção militar imediata, fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional. Esse não é o caminho da democracia.

Há exatamente quatro anos publiquei em minhas redes sociais o seguinte texto:

Espero, profundamente, que voltemos ao nosso posto de “povo”. Quem votou em Bolsonaro ou não, tem o dever de cobrar e fiscalizar para que o melhor seja feito ao nosso país. Desejo sucesso e mansidão. Que Deus oriente os vitoriosos. Viva o Brasil!

Naquela ocasião o meu candidato não havia vencido as eleições presidenciais. Agora, com a situação contrária tendo ocorrido, refaço exatamente mesmo pedido.

Espero, profundamente, que voltemos ao nosso posto de “povo”. Quem votou em Lula ou não, tem o dever de cobrar e fiscalizar para que o melhor seja feito ao nosso país. Desejo sucesso e mansidão. Que Deus oriente os vitoriosos. Viva o Brasil!

Os caminhos para mudar o Brasil foram postos à mesa. A decisão foi consagrada nas urnas, reconhecida pelos tribunais e entidades internacionais. O presidente Bolsonaro também reconheceu a derrota e confirmou não concordar com os bloqueios nas estradas, ou tudo aquilo que atente contra à Constituição Federal. Aos que têm comprometimento com a lei, e aos que dizem ter amor à pátria, o que se espera é o bom senso necessário para evitar que, em poucos dias, as cidades sejam desabastecidas de comida à combustível, sem que os protestos sejam encerrados.

Reconhecimentos 

O governador Antonio Denarium (PP), aliado do presidente Bolsonaro, reconheceu a vitória do oponente no âmbito presidencial, parabenizando-o e desejando boa sorte ao novo gestor. Um ato elogiável, pois isso é pensar em Roraima como um todo. Não adianta esbravejar, como alguns tem feito insistentemente, porque tudo já está definido. A diplomação é em dezembro e a posse em 1° de janeiro, como adiantou Alexandre de Moraes, presidente do TSE.

Outro que parabenizou Lula e desejou sucesso ao novo presidente, foi Mecias de Jesus (Republicanos). O senador por Roraima também sabe que os caminhos da democracia também passam, obrigatoriamente, pelas derrotas.

Chico Rodrigues (União), foi um caso a parte. Bolsonarista rejeitado, depois do escândalo do dinheiro na cueca foi completamente evitado pelo presidente da República. Diante da falta de palanque para subir nestas eleições, incentivou o comparecimento dos roraimenses às urnas, sem preterir seus candidatos. Apenas desejou que o melhor acontecesse ao Brasil. Diante da vitória de Lula, não se posicionou publicamente nem contra, nem a favor.

Por outro lado, Hiran mostrou que não é bom no trato

Sem parabenizar ou sequer mencionar o presidente eleito, o novo senador eleito por Roraima, Hiran Gonçalves (PP), parece que não sabe mesmo como é funcionamento dos corredores do Congresso, em Brasília. Em clima de amadorismo político, Hiran tratou com menosprezo a vitória de Lula, e, se mantiver essa postura, pode vir a ser uma pedra no sapato de Roraima, na hora de conquistar recursos para o desenvolvimento do estado. Acostumado a ouvir só o que lhe convém, pode se tornar persona non grata por Brasília.

Claro, Lula – que é bom de conversa – deve logo chamar essa turma de Roraima para traçar as estratégias de apoio ou recuos, em termos de liberação de recursos e obras para o nosso estado, que é, diga-se de passagem, o mais Bolsonarista do país. Ao invés de pensar em um projeto maior, de fortalecimento de Roraima, Dr. Hiran perde tempo ainda ignorando a vitória petista, como se ele não fosse precisar sentar para negociar apoio para Roraima. Ao não ser que a proposta de legislatura que ele tenha em mente seja apenas o de bater o ponto e voltar para casa.

Se política é a arte de barganhar em prol da sociedade, quem em sã consciência fecharia as portas de um diálogo com o presidente eleito, já findada e referendada a eleição? Só dr. Hiran mesmo.

Telmário pede compensação para Roraima

O senador não reeleito Telmário Mota (PROS) parabenizou o presidente eleito Lula (PT) pela vitória, mas pediu compensações para o estado de Roraima. Sendo Telmário um forte incentivador da exploração de minérios aqui no Estado, o senador disse que Lula perdeu de lavada por aqui por que só pensa em demarcar Terra Indígena, esquecendo-se de que, ele próprio fora eleito há 8 anos como um representante desses povos.

Dando sequência ao discurso carregado de desconhecimento sobre economia verde e as vantagens de se preservar a região, o senador ainda deixou claro ser contra a criação da Unidade de Conservação Floresta Nacional Jauaperi (FLONA Jauaperi), no Sul do estado. Telmário foi acusado pelo ex-superintendente da Polícia Federal, Alexandre Saraiva, de, juntamente com Mecias de Jesus, integrar um projeto antiambiental para a Amazônia. Os senadores sempre negaram, mas têm conseguido aprovar projetos em pautas antiambientais, como o que prevê o perdão de multas ambientais e para o desarmamento de fiscais do Ibama.

Por fim, Telmário ainda pediu ao novo presidente que encerre a Operação Acolhida em Roraima, retirando as tropas do Exército que atuam nessas missões por aqui. Para ele, a operação foi um gasto desnecessário, dentro de um jogo político.

Na verdade, Roraima deve gratidão à operação comandada pelo Exército brasileiro e que conta com apoio de diversas frentes, incluindo as Organizações Não Governamentais, para dar conta da demanda do fluxo migratório que a nossa fronteira enfrenta há dois governos federais, partindo para um terceiro. Sem a operação Acolhida, nossas cidades estariam ainda mais abarrotadas de imigrantes sem emprego, vivendo nas ruas e sem acesso aos serviços mais básicos, como alimentação e higiene pessoal.

O direito ao divergente 

Torcendo para que o próximo presidente olhe para Roraima e suas potencialidades, creio que seja saudável termos uma bancada de oposição em Brasília, para aclarar todas as pautas de interesse social e ambiental, urgentes a sociedade roraimense. Porém, sem diálogo, com armas em punho, fica difícil conseguir fazer Roraima ser vista no Congresso. Apenas com um debate insistente e bem embasado é que deputados e senadores por Roraima podem fazer valer seus mandatos e representem cada roraimense em sua necessidade. Tenhamos nós votado em Lula ou em Bolsonaro.

Que nossa bancada seja a nossa voz, e não nossa algoz.

1 comentário

  1. – Com todo o respeito que de mim possa merecer o colunista, ouso afirmar que está completa, redonda e ideologicamente enganado. Nenhuma das pessoas que está diante dos quartéis das FFAA neste momento se insurge contra resultado das urnas, mas contra a enganação de que esse resultado seja o que deseja o cidadão. Aceitar o resultado das urnas é democrático, mas permitir ser enganado é idiotice e o cidadão despertou para a irrefutável assertiva de que ele é parte de um corpo soberano, o Povo, e que não deve submeter-se à vontade pessoal de nenhum sistema corrupto, irresponsável e despótico como o que tentam impingir à sociedade brasileira.

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here