O ex-deputado federal Márcio Junqueira foi nomeado presidente do diretório paulista do Pros no mês passado, embora esteja com os direitos políticos suspensos pela Justiça Eleitoral. O partido é o mesmo do senador Telmário Mota.
Após ter sido procurado pela coluna Painel, da Folha de S.Paulo, nesta segunda-feira (13), Junqueira afirmou que vai pedir afastamento do cargo.
Junqueira foi deputado federal durante dois mandatos pelo antigo DEM de Roraima, até 2015. Mesmo tendo feito carreira política na região Norte, foi designado para comandar o Pros de São Paulo em 19 de maio, por um ato do presidente nacional da legenda, Marcus Holanda.
“Fui acusado em 2006 de compra de votos em Roraima por cinco pessoas que diziam que me conheciam e me acusaram de oferecer a elas R$ 50”, diz Junqueira, que nega a acusação.
Condenado em segunda instância pela Justiça Eleitoral, ele está com os direitos políticos suspensos desde 2014, o que o impede de exercer cargos de direção partidária.
“Estou recorrendo, mas o recurso não tem efeito suspensivo. Por isso, consultei agora nossa assessoria jurídica e decidi me afastar da presidência do diretório”, afirmou.
Ele chegou a ser preso em 2018 pela Lava Jato sob acusação de obstrução de justiça, mas o caso foi arquivado no ano passado pelo STF.
A chegada de Junqueira à presidência estadual do Pros em maio foi recebida com forte reação interna, um partido que vive uma disputa de poder.
O antecessor de Junqueira, Roberto Parillo, faz oposição a Holanda e diz ter sido destituído sem explicação e direito de defesa. “Eu sempre disse que não seria marionete. Queriam vender o partido, e eu disse que não faria. Acabei me tornando empecilho”, afirmou Parillo.
Holanda refuta as acusações e diz que Junqueira foi chamado a São Paulo por ser um quadro político experiente.
“O ex-deputado Márcio Junqueira tem amplo relacionamento e know-how político e isso interfere positivamente na construção das futuras alianças aos cargos majoritários”, diz o presidente nacional. O partido anunciou o lançamento da pré-candidatura a presidente do coach Pablo Marçal.
Holanda declarou que Parillo continua filiado ao partido, e que seria garantido o direito ao contraditório e ampla defesa apenas em caso de processo disciplinar no Pros, o que não foi o caso.