Duas crianças Yanomami, de 1 e 5 anos, foram encontradas mortas após o conflito armado entre garimpeiros e indígenas na comunidade Palimiú, município de Alto Alegre, em Roraima. A informação foi divulgada no fim da tarde deste sábado (15) pela Associação Hutukara Yanomami.
De acordo com a nota, no primeiro dia do conflito, todos saíram correndo para se proteger dos tiros, muito assustados. No meio da situação de desespero, muitas crianças se perderam no mato e ficaram desaparecidas, sozinhas próximo ao rio Uraricoera.
“No dia 11, os adultos saíram à sua procura. Muitas crianças foram encontradas, mas 02 meninos continuaram desaparecidos. No dia 12, às 15 horas, encontraram os corpos dos 02 meninos na água, já sem vida. As crianças estavam afogadas. Uma criança tinha 01 ano e outra de 05 anos”, diz o documento assinado pelo vice-presidente da Hutukara, Dário Yanomami.
Lideranças indígenas pedem socorro
Na manhã deste sábado, oito lideranças indígenas deixaram a comunidade e vieram a Boa Vista, capital do estado, para pedir socorro e relatar as ameaças e perigos que têm sofrido com a presença garimpeira na região.
Em coletiva de imprensa, realizada pelo Instituto Socioambiental (ISA), as lideranças contaram os momentos de terror que vivem desde que os ataques se iniciaram. Eles também reforçaram a grave ameaça que o garimpo ilegal causa na maior reserva indígena no Brasil.
“A comunidade não tem segurança. Exército e Polícia não está lá. Nós, os Yanomami mesmo, que estamos vigiando as crianças, os idosos, toda a maloca. Estamos com sono, não estamos quase aguentando. Estamos esperando um momento para voltar. Por favor! Urgente! Por vários anos, várias décadas passadas, vocês já sabem desse sofrimento. Eu vim voando para falar isso”, disse o líder indígena Timóteo Yanomami.
As lideranças, acompanhada de Dário Kopenawa, se reuniram ainda neste sábado com representantes do Ministério Público Federal (MPF) de Roraima para pedir ajuda.
Ao Roraima 1, a assessoria de comunicação da Polícia Federal informou que a instituição “está acompanhando” o conflito e que uma equipe será enviada para a região logo que o clima permitir o voo. Ainda segundo a PF, na quinta-feira (13) agentes federais estiveram na área juntamente com equipes do Exército Brasileiro e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A reportagem também solicitou um posicionamento do Exército, que informou acompanhar a situação.