Foto: reprodução

Roraima já teriam atingido a imunidade de rebanho para o coronavírus. Acre, Amazonas, Pará, Sergipe, Maranhão e Alagoas estariam perto disso. É o que aponta o relatório de pesquisa “Estimação dos Níveis de Infecção por Covid-19 no Brasil”, elaborado pelos economistas Erik Figueiredo, Démerson André Polli e Bernardo Borba de Andrade.

Esse estudo deu a base para o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, falar que a probabilidade de uma segunda onda do coronavírus é muito baixa. Figueiredo, pós-doutorado na Universidade do Tennessee Knoxville, é subsecretário de Política Fiscal e segue atuando como pesquisador.

O trabalho toma a estimativa de casos no Brasil captados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid e utiliza um modelo probabilístico para “corrigir” o efeito de testagens incompletas e falso-negativos. Com isso, calcula o percentual da população que teria sido afetada pela doença em cada Estado.

O conceito mais utilizado considera que a imunidade de rebanho é atingida quando 60% da população está imune. Mas há outra abordagem, proposta pelo pesquisador Ricardo Aguas, que considera um índice de 20%. Essa segunda visão tem sido negligenciada, disse o subsecretário.

A fórmula que determina o índice de 60% considera que a doença se espalha de forma aleatória na população. Já a que considera 20% parte do pressuposto de que há grupos com maior risco de contágio do que outros.

Conforme o estudo de Figueiredo, Polli e Andrade, 30,5% da população de Roraima já teria sido contaminada. Pela linha de corte de 20%,o estado já teriam atingido a imunidade de rebanho. O Amapá, com 25,3% da população contaminada, de acordo com o estudo, também superou o patamar. Acre, Amazonas, Pará, Sergipe, Maranhão e Alagoas apresentaram índices superiores a 15%, estando, portanto, próximos da imunidade.

Sachsida frisou que a Secretaria de Política Econômica não recebe dados do Ministério da Saúde nem tem especialistas na área. Os números apresentados são cálculos estatísticos a partir da Pnad Covid. O estudo estima que, embora o número de casos confirmados represente 2,2% da população brasileira, o número efetivo estaria entre 3,7% e 20%.

Outros trabalhos citados pelos autores apontam para resultados semelhantes ou até mais elevados. Estudo do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, que reúne colaboradores de PUC-RJ, Fiocruz e Instituto D’Or, e cálculos elaborados por Hazhir Rahmandad apontam que o número real de infectados é perto de dez vezes o valor reportado. Nesse caso, o Brasil estaria próximo de 20% da população atingida. Já o modelo epidemiológico Youyang Gu aponta 16,9% de brasileiros contaminados.

IMUNIDADE DE REBANHO

Vale lembrar que não há um consenso sobre a eficácia da imunidade de rebanho. Em outubro, um grupo de  80 pesquisadores de vários países divulgaram uma carta em que apontam a imunidade de rebanho como “uma falácia perigosa não suportada por evidências científicas”.

O documento, publicado no periódico The Lancet, foi assinado por especialistas em saúde pública, epidemiologia, medicina, pediatria, sociologia, virologia, doenças infecciosas, sistemas de saúde, psicologia, psiquiatria, política de saúde e modelagem matemática.

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here