A Polícia Federal investiga o sequestro frustrado de um empresário e ex-garimpeiro venezuelano que vive em Pacaraima, ao Norte de Roraima. Criminosos carregaram Andrés Antonio Fernández Soto, o “Toñito”, até o país vizinho. Segundo testemunhas e vídeos feitos por moradores, eles o entregaram a homens do Exército do ditador Nicolás Maduro.
Mas o ato foi frustrado porque os populares resgataram o empresário, que atua numa mercearia da família em Pacaraima. Antes de ser jogado dentro de uma caminhonete, ele tomou um tiro na perna direita. Uma fonte ouvida pelo UOL contou que tentaram injetar uma substância no corpo de Toñito Fernández.
A seringa foi apreendida pela Polícia Federal, segundo essa fonte. A Polícia Federal não comentou o caso. Os Ministérios de Relações Exteriores do Brasil e da Venezuela não prestaram esclarecimentos à reportagem.
Câmeras de segurança registram o momento em que Toñito é abordado por uma caminhonete preta semelhante ao modelo Hilux em frente à sua casa, em Pacaraima, no sábado passado (14). Uma testemunha do crime e uma pessoa que esteve com a vítima disseram ao UOL que os homens que o abordaram pertenciam ao serviço secreto de Maduro e falavam espanhol.
Na Venezuela, Toñito é procurado e acusado de tráfico de ouro. Segundo a imprensa venezuelana, ele foi preso pela Polícia Federal brasileira numa operação de contrabando de ouro em junho de 2018.
Em dezembro do ano passado, a Venezuela acusou Toñito de financiar um grupo que atacou uma base militar venezuelana, roubando mais de 100 fuzis. Um amigo do empresário afirmou à reportagem que as acusações de contrabando e outros crimes são falsas.
Uma testemunha do sequestro disse já ter prestado depoimento à Polícia Federal, que, segundo ele, protege Toñito num local secreto. Uma fonte da polícia afirmou que, neste momento, a investigação está em estágio preliminar.
A Polícia Civil de Roraima afirmou ao UOL que não apura o crime porque “trata-se de caso de jurisdição da Polícia Federal”.
Em crise política e econômica, a Venezuela enfrenta sanções na venda de petróleo, um de seus principais produtos de exportação. Opositores do regime de Nicolás Maduro afirmam que, por isso, Maduro considera importante a exploração de ouro e a cobrança de taxas sobre garimpeiros que exploram minas na floresta Amazônica.