O fato é que a Prefeitura de Boa Vista nunca teve plano algum para a reabertura do comércio boa-vistense, com vem reafirmando esta coluna desde o começo. Se existiu um plano, este foi tentar segurar os pequenos empresários e fazer vistas grossas para os grandes. E foi assim desde a decretação da quarentena, a ponto de o povo não mais seguir as determinações e resistir ao isolamento social.
Sem condições de fiscalizar nada e sem qualquer vontade política para fortalecer o atendimento básico, a prefeita Teresa Surita (MDB) teve que entrar na política do “puxa-e-encolhe” de suas decisões ao sabor das pressões. Para tentar justificar sua decisão eleitoral de reabrir o comércio, logo após ter decido pela suspensão, quando recebeu pressões de todos os lados, ela encheu o eleitor de gráficos e números, pois Teresa acredita que a melhor maneira de enrolar a opinião pública é apelar para a matemática.
A engabelação foi tanta que Teresa sequer conseguia ter segurança ao ler os gráficos, mostrando que ela seguia um script, para o qual não havia sido treinada para ler. Tudo para dizer que o número de mortos não era real, como se não importasse a data que essas pessoas morreram, e que a instalação de mais dois leitos (sim, apenas mais dois) de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital de Campanha fosse o suficiente para mudar a realidade de uma hora para outra.
A verdade é que a prefeita joga para a plateia e viu que não tem condições de determinar mais nada. É só ir no complexo Ayrton Senna, no Centro, a qualquer hora do dia, para ver muitas pessoas sem máscara, sem que haja qualquer autuação pela Guarda Municipal, que por sua vez decidiu apreender linhas de papagaio de crianças no meio da rua no bairro Cidade Satélite, onde a prefeita mora num latifúndio urbano, onde o marido tem um negócio de R$12 milhões.
Como nunca desceu do palanque eleitoral, Teresa jamais aceitou dialogar com o Governo do Estado para montar uma ação fiscalizatória ou com qualquer outro poder constituído. E segue fazendo campanha eleitoral, não importando mais reorganizar o atendimento básico nem fiscalizar quaisquer ações do comércio e da população.
Trata-se de um “liberou geral” informal já que agora todos os políticos terão que fazer reuniões, além de abraçar e apertar a mão dos pobres. Seguindo o clamor popular, a prefeita agora só quer saber de emplacar seu sucessor na Prefeitura de Boa Vista, alguém que vá fazer o joguete político e os esquemas do grupo até a campanha para o Governo do Estado começar, quando ocorrerá a última cartada para tentar devolver o mandado ao ex-senador Romero Jucá, o mentor e mestre de Teresa.
Quem quiser entender alguma coisa, que assista ao vídeo de Teresa explicando os números e os gráficos, gaguejando e olhando para o chão a toda hora, como estudante apresentando um seminário sem ter feito a lição de casa. Teresa não enganou ninguém, nem mesmo a sua equipe de marketing, que jogou tudo para o alto assim mesmo, crendo que o povo de Boa Vista é besta para aceitar qualquer engabelação.
*Colunista