No momento em que o coronavírus está no auge de contaminações e mortes, a prefeita Teresa Surita (MDB) decidiu esquecer tudo isso e partiu com tudo para se autopromover nas redes sociais, comemorando suas ações e ainda inaugurou a principal via de acesso à sua fazenda, a Avenida Carlos Pereira de Melo.
Esse surto de autopromoção ocorreu logo após ela se envolver em mais uma briga politica com o governador Antonio Denarium (sem partido). Essa arenga política ocorreu logo depois de Teresa ser flagrada, por meio de uma publicação no Diário Oficial do Município, comprando um terreno com valor estratosférico de um amigo e aliado político, nas cercanias de Boa Vista.
A prefeita só foi chamada à realidade depois que desapareceram corpos de dois bebês Yanomami que haviam morrido no Hospital da Criança, sob responsabilidade da Prefeitura, a fazendo lembrar que ela tem que priorizar a saúde pública neste momento crítico, fiscalizando o hospital municipal e os postos de saúde, onde ela nunca foi desde que se isolou na sua fazenda durante a quarentena e de onde só sai para inaugurar ou visitar obras milionárias.
Não fosse a comoção das mães Yanomami chorando pelos corpos de seus bebês, divulgada nas redes sociais, com certeza Teresa ainda estava se autopromovendo e surfando na onda que ela insiste em alimentar em torno de suas obras, tentando chamar seus seguidores virtuais a enaltecê-la, como se isso fosse expiar suas culpas.
Teresa não desce do palanque em nenhum instante, ao mesmo tempo em que esquece que o maior feito neste momento crítico é salvar a vida da população. Não há asfaltamento, praças, ginásios e torre de orla que consolem as famílias dos mortos pela Covid-19. E ninguém irá perdoá-la por colocar na frente do sofrimento dessas famílias as obras milionárias, as quais estão sendo feitas sem a mínima transparência.
Ninguém sabe exatamente quanto custaram as obras da Avenida Carlos Pereira de Melo, por exemplo, que é o principal acesso ao bairro Cidade Satélite, onde ela mora numa fazenda na qual o marido dela tem um plantio de mogno africano que já está custando uma fortuna, mais precisamente R$12 milhões, conforme entrevista que o próprio marido da prefeita concedeu ao Globo Rural.
Assim como ninguém sabe onde foram gastos os R$64 milhões de um suposto projeto de mobilidade urbana. Muito menos onde foram gastos os R$44 milhões de empréstimo, valor do qual Teresa comprou um terreno por R$2,8 milhões, ou seja, R$280 mil o hectare. Também não há transparência para saber como estão sendo gastos os R$260 milhões de drenagem, asfaltamento e calçamento. Muito menos o valor que está sendo gasto na nova orla, que terá consumido um total de R$134 milhões no final.
São sobre esses números milionários que Teresa nunca explica. Todas as matérias no site da Prefeitura sequer falam de valores, para que ninguém fique sabendo mesmo. A prefeita festeja seus feitos milionários sem transparência, enquanto mais pessoas estão morrendo na pandemia.
Os corpoS dos bebês Yanomami são apenas uma fração da dor das famílias que perdem seus entes queridos por não terem atendimento correto nos postos de saúde, e de onde são encaminhados para morrer no Hospital Geral de Roraima (HGR). E Teresa só pensa em festejar suas obras vislumbrando as próximas eleições.
*Colunista
