O médico ortopedista e traumatologista, Ilderson Silva, que atua no Hospital Coronel Mota, em Boa Vista, fez um desabafo em suas redes sociais nesta sexta-feira (15). Ele conta a situação extrema a qual pacientes e profissionais estão submetidos por falta de estrutura, equipamentos e condições mínimas de se exercer a medicina na unidade estadual de saúde.
“Me solidarizo com aqueles que vêm do interior […] muitos só com dinheirinho da passagem, e acabo atendendo mesmo ja tendo ultrapassado o limite de 12; ali dentro da minha sala de gesso não temos uma maca decente, ela esta toda enferrujada, não tem nem um papel para que eu possa falar para meu paciente deitar, sempre falta gesso […] não temos serra de corte! […] trabalhamos numa sala totalmente insalubre, na qual o ralo do esgoto precisou ser coberto por gesso, e como não tem saída do ar, a sala permanece constantemente com odor horrível de sangue e materiais utilizados, tais como secreção, povidine, álcool etc”, publicou.
Além disso, o médico ainda descreve diversos outros problemas relacionados à estrutura do hospital. “Estamos com mais de meses que os Raio X não são impressos. A tristeza maior ainda não começou, ela começa quando nós vamos visitar pacientes internados e dizer para eles que nós não temos nenhuma previsão de quando vamos poder operar ele, devido a falta de material e furadeira”, diz.
“Eu não aceito ouvir cotidianamente que o HGR tem material para as cirurgias, digo isso porque não tem e eu PROVO, gostaria que o meu governador e meu secretário fossem junto comigo ou nossos coordenadores para que percebam a necessidade urgente do retorno das cirurgias ortopédicas”, conta.
“Eu nunca imaginei que iria passar por isso! Peço encarecidamente ao meu governador junto com sua equipe, que nos socorram, nos ajudem. São mais de 500 pacientes aguardando! Não podemos ser um estado que sequela, nosso serviço era referência no Brasil no que se tratava ao tempo de espera para uma cirurgia!”,
“Hoje dia 15/05/2020, estamos vivendo o pior caos em todos os anos de saúde pública dentro do HGR, e não adianta querer dizer que o problema tá no médico, porque não está; o problema está na gestão, o problema está nas licitações e contratos; hoje gostaria de convidar às autoridades responsáveis para fiscalizar o porquê não tem material ortopédico para operar. A lista passa de 500 pacientes com fraturas. A saúde clama por socorro! Socorro que virá de onde?”, questiona.
O médico ainda destaca diversas outras situações ocorridas nas unidades de saúde do Estado e divulga vídeos para ilustrar as situações citadas por ele.
Leia, na íntegra, a publicação:
Sesau
Em nota, a Direção da Clínica Médica Especializada Coronel Mota disse que a serra de gesso está funcionando normalmente, bem como a impressão de raio x. “A Sesau (Secretaria de Saúde) por meio da CGA (Coordenadoria Geral de Administração) esclarece que as unidades hospitalares, entre elas a Clínica Médica Especializada Coronel Mota recebem serviços de manutenção predial, incluindo os serviços de reparos nas instalações hidráulica, elétrica e sanitária, de forma regular”, informou.
“Por meio da CGUE (Coordenadoria Geral de Urgência e Emergência) a gestão ressalta que as cirurgias de emergência estão sendo realizadas. Em relação às cirurgias eletivas foi necessário fazer a manutenção preventiva dos equipamentos médico-hospitalares (perfuradores ortopédicos) utilizados para as cirurgias ortopédicas. Devido a complexidade dos equipamentos foi necessário fazer a manutenção em uma empresa, no estado de São Paulo. A previsão é de que a manutenção dure entre 15 e 20 dias”, continua.
“A gestão reforça que tem trabalhado incansavelmente para promover melhores condições de trabalho bem como a segurança dos profissionais de saúde. Para isso já está em fase de aquisição equipamentos e materiais médico-hospitalares que atenderão as demandas de todas as unidades hospitalares”, conclui.
