Como apresentar outros olhares sobre a questão migratória? Como propor a prática da integração e do intercâmbio das culturas? Essas questões guiam a produção editorial do novo programa radiofônico “Rádio Orinoco”, uma iniciativa do Orinoco, novo projeto humanitário da Cáritas Brasileira e Cáritas Diocesana de Roraima para migrantes e refugiados. O programa será lançado na próxima quarta-feira (9), com transmissão semanal na FM Monte Roraima (107,9 MHz ) a partir das 12h05 , e nas quintas e sextas-feiras às 19h na Rede de Notícias da Amazônia, com veiculação simultânea em 20 rádios da região amazônica. O programa também será transmitido em formato podcast no Spotify Cáritas Brasileira.
Cultura do encontro
A proposta da “Rádio Orinoco” nasceu a partir do desejo de proporcionar, por meio do entretenimento, uma reflexão sobre a migração venezuelana e, principalmente, demonstrar que o acolhimento traz benefícios para todos, aos que migram, mas também aos que recebem os migrantes. No plano de fundo, a Rádio Orinoco visa sensibilizar a população, especialmente, nos estados amazônicos que acolhem migrantes venezuelanos, sobre questões mais profundas como a xenofobia, integração e sobre o próprio território amazônico: essas questões são transversais em cada um dos capítulos e apresentados de maneira descontraída e simples.
O programa é bilíngue (português e espanhol), e proporciona o encontro cultural a partir da interação dos apresentadores, o venezuelano José Antônio Paolini e a brasileira Evilene Paixão. Essa mescla entre português e espanhol motiva a percepção de que a integração entre os idiomas e as nacionalidades trazem riquezas culturais que agregam valores e expandem os olhares para uma compreensão ampliada sobre o mundo.
Para o publicitário e locutor José Antonio Paolini, natural de Caracas, capital da Venezuela, e residente no Brasil há 11 anos, participar do programa é uma oportunidade de mostrar um pouco da sua história e identidade, além disso, a possibilidade de despertar na população o sentido de proximidade. “Sou amante da cultura popular venezuelana. Para mim é um privilégio participar desta iniciativa leve e inovadora. Também sinto que é algo muito necessário para nós, que estamos tão perto e nos sentimos tão distantes e tão desconhecidos um do outro. Ter um programa de rádio bilíngue quebra um esquema e nos aproxima um pouco mais”, enfatiza.
A jornalista Evilene Paixão, assessora de comunicação do Projeto Orinoco e uma das vozes do programa, explica que o “Rádio Orinoco” agrega valores para a sua experiência profissional e pessoal ao passo que pretende despertar algo maior na população: a empatia. “Apresentar o programa é unir as minhas experiências de comunicação com o trabalho humanitário, o qual me deixa feliz como pessoa e profissional. Demonstrar que ambos os países, Brasil e Venezuela, apesar da diferença linguística, são muito parecidos e temos muito em comum, é algo significativo. Levar alegria e mais conhecimento da cultura dos países como forma de despertar a empatia nos ouvintes e combater a xenofobia é o nosso objetivo com esse trabalho”, diz.
Vivenciar o intercâmbio
Os temas abordados nos primeiros oito episódios do programa “Rádio Orinoco” estão ligados às oportunidades de aprendizado que os encontros entre culturas e pessoas promovem. Portanto, além de informações históricas básicas da Venezuela e Brasil, o programa aborda temáticas ligadas ao turismo, geografia, esportes, culinária, festas tradicionais, migração e florestania, música, além de um resumo de ideias e aprendizagens que esse encontro entre países proporciona. Seções como: “É verdade que vocês?” ou “De onde vem esse ritmo?” geram um clima de amizade e parceria entre pessoas que, embora tenham culturas diferentes, possuem também muitas semelhanças.
A produção completa do programa foi realizada por migrantes que compõe a equipe La Mochila Produções, em parceria com a equipe de comunicação da Cáritas Brasileira, uma interação produtiva entre profissionais brasileiros e venezuelanos, que afirmam mais uma vez a beleza dos encontros.