A chegada do período natalino é especial para grande parte dos paraibanos. Mas para um grupo de refugiados venezuelanos que vive na Casa do Migrante, que funciona no município do Conde, na Grande João Pessoa, tem se firmado como um tempo de expectativa e esperança de um futuro melhor, como ocorreu durante um ato ecumênico em celebração ao Natal.
Atualmente, a Casa, que funciona em parceria com a Igreja Católica e recebe apoio de diversos órgãos estaduais e de voluntários, conta com 19 refugiados venezuelanos, que chegaram ao Brasil por Boa Vista.
No país, os refugiados passaram por um processo de seleção e viajaram em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) até chegarem à Paraíba. Com isso, desde o dia 3 de julho, a Casa já soma o recebimento de 98 venezuelanos.
Fuga da fome
Médico na Venezuela, Fernando Pinheiro, de 25 anos, chegou ao Brasil em abril. Depois, foi encaminhado até a Paraíba, onde começou a exercer a função de ajudante de pedreiro e, atualmente, trabalha em um restaurante no Conde.
“Estou aqui no Brasil faz oito meses. Cheguei como refugiado em Boa Vista (RR). Tive muitas dificuldades, passei fome. Cheguei na Paraíba e procurei trabalho de pedreiro e graças a Deus com o trabalho que eu fiz pude trazer minha mulher e minha filha. Temos uma nova vida e muitas metas. Sou agradecido aos paraibanos. São muito acolhedores e não tenho palavras para falar o que a gente sente”, contou Fernando.
Na Casa do Migrante, os refugiados encontram moradia, alimentação, roupas novas e a oportunidade de recomeçar uma vida abalada pela fome e a miséria que assolam a Venezuela, como foi relatado por Roberto Saraiva, coordenador nacional da Pastoral do Migrante.
“Estivemos a pouco tempo na Venezuela. É muito nítida a falta de capacidade de consumo alimentar lá, com supermercados esvaziados. O salário mínimo lá não dá para comprar um frango assado com salada e arroz. O que vale um salário mínimo para eles? 1,8 mil bolívares soberanos, o que é pouco mais de R$ 30. Na época que fomos R$ 1 valia 50 soberanos. Você pega 50 soberanos, que equivalem a R$ 1 e enche 50 tanques de gasolina. Você pode encher o tanque do carro 50 vezes, mas não faz uma feira completa. Eles têm fugido da fome. Você não precisa de um motivo mais plausível do que esse”, disse Roberto.