Implantar faixas exclusivas para ônibus tem como objetivo facilitar o tráfego do transporte público coletivo. Mas em Boa Vista, onde a frota desse transporte é mínima e os usuários passam muito tempo esperando nos pontos de ônibus, essas linhas exclusivas para esse tipo de modal, até agora não surtiram o efeito que deveria. E o que é estranho é que a Prefeitura de Boa Vista fez as tais faixas somente em um pequeno trecho de avenidas.
Diferente de grandes centros urbanos, onde essas faixas controlam o intenso fluxo de veículos, evitando assim congestionamentos, na Capital roraimense há condutores que dizem que até agora não entenderam a necessidade desse corredor exclusivo para ônibus.
O ex-militar Pedro Eduardo Campelo do Carmo disse que já tinha visto as faixas. “Entendo que são destinadas aos ônibus, até porque tem a palavra ônibus. Mas não entendi da necessidade dessas faixas aqui em Boa Vista, pois são poucos ônibus e que levam cerca de 40 minutos para passar um”, ressaltou.
Campelo afirmou que um amigo já foi multado por trafegar dentro dessa faixa. “A ideia é até boa, mas limita os outros veículos de trafegarem. Se em Boa Vista tivesse uma grande frota de ônibus seria bom, mas não vejo necessidade alguma. A prefeitura pelo menos deveria fazer uma divulgação para a população”, comentou.
Um motorista de ônibus coletivo que não quis se identificar disse que essas faixas não mudam em nada a rotina de quem dirige pela cidade. “Mas só muda no quesito multa, sei de gente que já foi multada por andar e parar o carro dentro dessas faixas que não têm serventia de nada”, comentou.
O técnico de máquina copiadora Gabriel Fernandes da Silva também disse que sabe a finalidade das faixas, mas não entendeu essa da prefeitura em implantar as faixas e pintar avenidas com a informação ‘ônibus’, como se Boa Vista fosse um grande centro. “A prioridade são os ônibus, mas não mudou muita coisa no trânsito não”, frisou.
Vereador afirma que em Boa Vista não existe plano de mobilidade
O vereador Linoberg Almeida (Rede) afirmou que em Boa Vista não existe plano de mobilidade. “Para se elaborar um plano de mobilidade urbana é preciso, com certeza, da participação social, e não se fazer as coisas assim, aleatoriamente. Eu, particularmente, até hoje, não sei onde foram parar os 65 milhões de reais para tal finalidade. E ‘busão maceta’ não é solução de mobilidade, é um ônibus numa cidade de muitos ônibus velhos, com pouca integração, poucos horários e com pouca ligação entre bairros e intrabairros”, ressaltou o parlamentar.
Segundo o vereador, entre obras executadas pela Prefeitura de Boa Vista citou o Terminal do Caimbé, que foi feito sem planejamento. “Essa obra que custou milhões, nunca virou um exemplo de solução para mobilidade. Virou um elefante branco”, ressaltou Linoberg.
Conforme o vereador, faixas exclusivas para ônibus são parte de uma estratégia copiada de outras cidades. “Boa Vista tem mais usuário de táxi-lotação que de ônibus. Sem plano e sem transparência insistimos nas fórmulas frágeis. Demora muito entre um ônibus e outro. Não há rotas interbairros. E detalhe: essas faixas implantadas pela prefeitura não permitem os lotações, que transportam 40 mil pessoas por dia”, disse Linoberg.
“Não se faz mobilidade urbana com “cópia e cola” de outras cidades. Faixas exclusivas em horários de pico devem priorizar os transportes que reduzem trânsito. Faixas para motocicletas, bolsões de motos nos semáforos, integrar ônibus e ciclovias, há mais a se fazer sobre mobilidade. Não podemos experimentar sem plano e sem projeto de curto, médio e longo prazo”, frisou.
Prefeitura de Boa Vista – O Roraima 1 entrou em contato com a Prefeitura de Boa Vista, fazendo alguns questionamentos como por que as faixas não foram implantadas em toda a extensão de avenidas, por que não se permite nessas faixas o tráfego de táxis-lotação, que transportam cerca de 40 mil passageiros por dia, entre outros, mas não obteve retorno.