A declaração do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre cortes de até 50% no orçamento das instituições do Sistema S caiu como uma bomba para representantes de instituições desse conjunto. A justificativa é que essa medida faz parte do ajuste fiscal do Governo Federal. O Sesi em Roraima vê essa possibilidade com muita preocupação.
Tal afirmação de Guedes ganhou apoio até mesmo do próprio atual presidente do Sebrae Nacional, Guilherme Afif Domingos, futuro assessor especial do novo Ministério da Economia do governo de Jair Bolsonaro. Em entrevista ao Estadão, ele disse que “as entidades que integram o Sistema S têm que estar alinhadas com as políticas públicas do governo para um melhor uso dos recursos disponíveis, inclusive o Sebrae”.
Das instituições que formam o Sistema S, a equipe do Roraima 1 entrou em contato com Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), Sesc (Serviço Social do Comércio), Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), Sest/Senat (Serviço Social de Transportes/Serviço Nacional de Aprendizagem Transporte) e Sesi (Serviço Social da Indústria), em Roraima, apenas o Sesi se manifestou.
Sobre a declaração de Paulo Guedes, a superintendente do Sesi Roraima, Almecir de Freitas Câmara, informou que a instituição vê com grande apreensão as declarações feitas pelo futuro ministro da Economia. “Somos uma entidade privada, sem fins lucrativos, criada e mantida pela indústria brasileira. Temos total transparência em nossos atos, somos auditados e monitorados pelo TCU [Tribunal de Contas da União] e CGU [Controladoria-Geral da União]”, comentou.
Almecir informou também que o Sesi em Roraima presta contas rigorosamente de todas as receitas, despesas e resultados alcançados em cada exercício. “Oferecemos relevantes serviços para os trabalhadores da indústria, seus dependentes e para a sociedade em geral. É preciso conhecer o que cada S faz, avaliar a geração de valor que o mesmo entrega para a sociedade e a partir do conhecimento de causa adquirido, se houver melhorias a serem adotadas, que sejam feitas de modo com que todos possam ser beneficiados com as decisões tomadas”, ressaltou.
Sesi poderá fechar as portas
Com relação a possível redução do orçamento, Almecir disse que se, de fato, isso acontecer, grandes serão os impactos causados na gestão do Sesi. “É possível que em Roraima tenhamos que fechar as portas do nosso Sesi, uma vez que somos um Departamento Regional deficitário, considerando o tamanho do parque industrial roraimense e o fato do mesmo ser formado praticamente por micro e pequenas empresas. Dependemos do apoio financeiro advindo do Departamento Nacional e também da geração de receitas por meio de prestação de serviços e convênios”, frisou.
Sesi fez mais de 2 milhões de atendimentos
Com 31 anos de atuação em Roraima, já são 2 milhões e 700 mil pessoas atendidas, nas áreas de educação, saúde, atividades culturais e esportivas, ações de cidadania e de responsabilidade social. “Somos reconhecidos pela qualidade que permeia todas as nossas ações, pela ética nos relacionamentos e pela transparência com que nos comunicamos com todas as partes interessadas. Será uma grande perda para Roraima, para o nosso segmento industrial e para a economia local, uma vez que milhares de pessoas perderão o acesso a serviços de alto nível por um valor menor que o de mercado, inclusive com muitos deles oferecidos gratuitamente, além das centenas de postos de trabalho e de estágio que serão encerrados com a descontinuidade dos nossos serviços”, destacou.
A superintendente do Sesi em Roraima afirmou que a possível redução no orçamento não foi uma boa notícia para o final de ano do Sistema S e nem para milhões de pessoas que contam com os serviços dessas instituições.
Outro lado – O Sebrae e Senai não deram retorno; o Sesc e Senac disseram que estavam aguardando uma nota oficial do CNC (Conselho Nacional do Comércio), e o Sest/Senat informou que na segunda-feira (24) nos enviará uma nota oficial do Conselho Regional I.